Entenda quem deve e quando é necessário fazer o check-up pós-Covid

Check-up serve para investigar sintomas persistentes da doença mesmo após a infecção

Postado em: 11-11-2021 às 16h52
Por: Maria Paula Borges
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Check-up serve para investigar sintomas persistentes da doença mesmo após a infecção | Foto: Reprodução

O aumento dos casos de Covid-19 com sintomas persistentes mesmo após a infecção abriu espaço para o check-up pós-Covid, um novo tipo de serviço de medicina diagnóstica. Para o check-up, algumas clínicas criaram pacotes de exames que prometem investigar as causas das sequelas e ajudar na prevenção de complicações. O acompanhamento é indicado somente para pessoas que permaneceram com sintomas da Covid-19 que traz piora para a qualidade de vida.

Segundo o infectologista e professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), para quem teve a forma moderada e grave da doença pode ser beneficiada com investigação, desde que mantenham um acompanhamento médico. “Não faz sentido todo mundo que teve Covid-19, que são milhões de pessoas, fazer um check-up, porque a saúde pública e privada não aguentam. Quem teve Covid-19 tem que ter uma autopercepção se a saúde voltou a ser como era antes ou não. Nestes casos, é importante uma avaliação”.

Já para a infectologista Raquel Muarrek, da Rede D’Or, é importante que quem teve Covid-19 faça algum tipo de avaliação na permanência de sintomas sentidos na fase aguda e, principalmente, para os que passaram por internação. “O paciente que foi internado pode ter focos pulmonares ainda, alterações trombóticas que é realmente necessário fazer um segmento adequado. Já quem teve Covid-19 leve, sem acometimento de órgãos na fase aguda, deve fazer uma avaliação somente se tiver algo sequencial”.

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Além disso, a infectologista afirma que exames laboratoriais, como de sangue ou imagem, podem avaliar se houve alteração no sistema imunológico ou cardíacas após a doença. “O ideal é fazer uma consulta médica para avaliar se o paciente está com a imunidade estável ou se manteve os quadros infecciosos, alguém que peça e avalie os exames”.

Sequelas pós-Covid

Após a doença, algumas sequelas podem não ser exatamente pela infecção do vírus, mas sim uma consequência do tempo de internação ou doenças preexistentes. Segundo Abrão, tudo indica cautela sobre a necessidade do check-up. “Quanto mais grave a infecção por Covid, maior a chance de sequelas, pelas consequências da internação em si, porque o paciente intubado fica a base de muitos fármacos. O vírus deve causar algo, mas boa parte das sequelas que vemos é porque o paciente ficou em estado grave, não dá para atribuir tudo ao pós-Covid”, alerta.

O infectologista explica ainda que casos de internações longas podem causar sequelas respiratórias, pelo fato de o vírus inflamar os pulmões, neurológicas, por conta do contato com o vírus aumentando o risco de derrames e problemas cognitivos, e sequelas motoras, podendo causar alterações no sistema nervoso periférico, causando fadiga, dores musculares e articulações.

Check-up

Os laboratórios selecionam exames de acordo com os sintomas mais recorrentes relatados nas pesquisas científicas sobre a persistência dos sintomas, além de levar em conta queixas mais comuns. Vale lembrar que todos indicados apenas para maiores de 18 anos.

Segundo o laboratório Fleury Medicina Diagnóstica, existe aumento na demanda de diferentes pedidos de exame para investigar causas de sintomas. Para homens, o check-up custa em média R$ 3,790, e para mulheres R$ 4.550, devido à necessidade da realização de exames da saúde da mulher. “As queixas principais costumam ser fadiga que não passa, diminuição da resistência física, problemas cardiovasculares e pulmonares, prejuízo da atenção e da memória, queda constante de cabelo, além do impacto psicológico”, diz o infectologista Celso Granato, diretor-clínico do Fleury.

O laboratório criou um check-up pós-Covid com sorologia, exames de sangue para medir alterações metabólicas, exames cardiopulmonares, testes cognitivos e avaliação com otorrinolaringologista, para perda de olfato e paladar. O processo dura em média três horas, sendo feito primeiro a avaliação física e relatos de sintomas e, posteriormente, exames de sangue, imagem, teste de reforço até a avaliação final com clínico geral.

“Os pilares dos exames clínicos envolvem a avaliação de possíveis lesões cardiovasculares que podem ocorrer após a Covid-19, como arritmia e miocardite; uma avaliação clínica pulmonar através de exames de tomografia de tórax e por cintilografia pulmonar, capazes de detectar ou descartar alguma infecção ou embolia pulmonar, além de um ecocardiograma e os exames de sangue”, diz Granato.

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