Relembre o caso da Boate Kiss e entenda a demora de 8 anos para acontecer o julgamento

Quatro réus respondem por homicídio simples com dolo eventual e tentativa de homicídio

Postado em: 05-12-2021 às 15h00
Por: Victoria Lacerda
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Quatro réus respondem por homicídio simples com dolo eventual e tentativa de homicídio | Foto: reprodução

A tragédia aconteceu na noite do dia 27 de janeiro de 2013 no município gaúcho de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, na Boate Kiss, que estava sediando uma festa universitária chamada “Agromerados”. A festa marcava a formatura dos cursos de Agronomia, Veterinária e outros, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O Brasil e o mundo ficaram chocados com o acidente que deixou 242 pessoas mortas e mais de 600 feridas. 

A casa estava lotada, com um número de jovens que variava entre 800 e mil pessoas, embora a boate tivesse capacidade apenas para 690. No palco, se apresentava a Banda Gurizada Fandangueira. Durante o show, um dos integrantes disparou um artefato pirotécnico, atingindo parte do teto do prédio, que imediatamente pegou fogo. O incêndio rapidamente se espalhou por toda boate, sufocando várias pessoas, devido à fumaça tóxica do local, causada pelo isolamento acústico do teto. 

Importante lembrar que o mais revoltante de tudo isso, foi à atitude irresponsável de seguranças, e de pessoas ligadas diretamente à boate, que procuravam no primeiro momento impedir que as pessoas tentassem sair, alegando a cobrança das comandas que não haviam sido pagas. Claro que os seguranças apenas cumpriam ordens, o que não torna o fato menos doloroso para todos, principalmente as mães daqueles, que tiveram suas vidas ceifadas de forma cruel. O caso comoveu o país inteiro e provocou debates sobre a segurança de casas noturnas e locais de grande aglomeração de pessoas.

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Desde o incêndio, as famílias dos jovens mortos formaram uma associação e, todos os anos, no dia 27 de janeiro, eles relembram a tragédia. A esperança dos familiares e dos amigos das vítimas é que a tragédia não fique sem nenhuma solução.

Depois de 8 anos e 11 meses da tragédia, finalmente, na última quarta-feira (1º/12), começou o julgamento dos réus acusados pelo incêndio. Os réus são os sócios da Kiss, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann; o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentou naquela noite, Marcelo de Jesus dos Santos; e o produtor musical Luciano Bonilha Leão. 

A jornalista Daniela Arbex, escreveu um livro-reportagem sobre a tragédia, ele traz mais de 100 entrevistas com pessoas conectadas ao acidente. Em entrevista à jornalista Renata Lo Prete no podcast O Assunto, disponível nas principais plataformas de áudio, Daniela afirmou: “Esse julgamento é fruto do esforço dessas famílias que há quase 8 anos vêm lutando para que esse crime não fique impune. Para que a gente consiga colocar um fim à cultura de impunidade. É como se esses meninos morressem todos os dias. O que eu percebo é que a falta de justiça dói tanto quanto a morte.”

No processo criminal, os empresários e sócios da Boate Kiss respondem por homicídio simples, 242 vezes consumado, pelo número de mortos; e 636 vezes tentado, número de feridos, resultando num processo de quase 20 mil páginas. O Tribunal do Júri está sendo composto pelo Conselho de Sentença, formado pelo juiz Orlando Faccini Neto, titular do 2º Juizado da 1ª Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre, e por outros sete jurados que foram escolhidos por meio de sorteio. 

*Com informações da Agência Brasil e Brasil Escola

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