Brasil acolhe 73 mil venezuelanos durante 4 anos da operação do Exército; muitos buscam refúgio

Após conseguirem entrar no Brasil, os venezuelanos passam pelo processo de interiorização em busca de emprego para se adaptarem e terem um recomeço na vida

Postado em: 01-05-2022 às 12h54
Por: Alexandre Paes
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Após conseguirem entrar no Brasil, os venezuelanos passam pelo processo de interiorização em busca de emprego para se adaptarem e terem um recomeço na vida | Foto: Reprodução/Internet

Nos últimos quatro anos, cerca de 73 mil venezuelanos que entraram no Brasil fugindo da crise no país vizinho foram recebidos pela operação Acolhida, do Exército, e tiveram a oportunidade de ser realocados para cidades mais distantes de Roraima, por onde a maioria deles entram. Após isso, eles passam pelo processo de migração interna para buscar melhores condições de vida.

O processo chamado de ‘interiorização’ e leva os imigrantes a buscar oportunidades de trabalho em outras regiões brasileiras visando diminuir a pressão sobre os serviços públicos do estado que os recepciona. Em média, desde o início da operação, mais de 1,5 mil venezuelanos foram ‘interiorizados’ por mês.

Comandante da operação, o general Sérgio Schwingel considera essa a etapa mais importante do programa. “Se o fluxo de entrada de venezuelanos em Roraima for maior do que o fluxo de saída deles do estado, teremos um colapso. Passaremos a ver abrigos cheios, pessoas nas ruas e outras situações ruins. Por isso, temos que nos preocupar em melhorar as condições de interiorização.”

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Segundo Schwingel, a quantidade de pessoas beneficiadas com a interiorização mostra que o propósito da iniciativa está sendo cumprido. “Se observarmos o que vem ocorrendo nas crises humanitárias do mundo recentemente, nenhum país faz ou fez o que nós fazemos. Muitos países fecham portas e fronteiras, enquanto o Brasil acolhe”, diz.

Yoselin com o filho, Santiago Rafael, e o marido, Jonathan Rafael | Foto: AUGUSTO FERNANDES/R7

Yoselin Arias, de 29 anos, não esconde o sorriso ao falar dos sonhos que espera realizar no Brasil. O primeiro deles é arrumar um emprego, o que possibilitaria alcançar os demais: comprar uma casa, garantir uma boa educação ao filho e viajar pelo país. “Queremos um futuro melhor, uma vida boa. Isso é o que mais importa pra gente”, afirma.

Ela atravessou a fronteira ao lado do marido, Jonathan Rafael Maita, de 28 anos, e do filho do casal, Santiago Rafael Maita, de 6, em novembro de 2021. Yoselin reconhece que teve medo do que poderia encontrar aqui, mas comemora o fato de ter sido tão bem acolhida pelos brasileiros. “Recebemos bastante carinho, e isso nos deixou mais calmos. Os brasileiros são muito calorosos e ajudam com apreço”, destaca.

Nas próximas semanas, os três vão desembarcar em Brasília. Yoselin tem fé de que será muito feliz na capital brasileira, apesar do nervosismo pela mudança. “Na Venezuela, não tínhamos trabalho. Para conseguir comida, era um problema. Já aconteceu de ficarmos muitos dias sem comer. É uma situação horrível, que eu não quero passar nunca mais. Estar no Brasil significa esperança.”

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