Ministérios acionam instituições para investigar caso de passageira que sofreu racismo durante voo da GOL

Através das redes sociais, os órgãos afirmaram que acionaram as Instituições para realizar uma investigação do caso

Postado em: 30-04-2023 às 11h08
Por: Victória Vieira
Imagem Ilustrando a Notícia: Ministérios acionam instituições para investigar caso de passageira que sofreu racismo durante voo da GOL
Três agentes da Polícia Federal apareceram e tentaram expulsar Barbosa, alegando que estava cumprindo "ordens da tripulação" | Foto: Reprodução/Twitter

O Ministério da Igualdade Racial e o Ministério dos Direitos Humanos publicaram uma nota de repúdio ao recente caso de racismo em que a passageira Samantha Barbosa enfrentou durante um voo da linha aérea GOL, no último sábado. Através das redes sociais, os órgãos afirmaram que acionaram as Instituições para realizar uma investigação do caso.

“O Ministério da Igualdade Racial e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania receberam com indignação as notícias acerca do caso da pesquisadora da Fiocruz, Samantha Barbosa, mulher negra, retirada do avião por se negar a despachar uma mala”, iniciou o Ministério.

“Tomamos as seguintes medidas: Notificamos a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para adoção de todas as medidas cabíveis no sentido de prevenir, coibir e colaborar com a apuração de casos de racismo praticados por agentes de empresas aéreas, aprimorando seus mecanismos de fiscalização”, continuou.

Continua após a publicidade

Segundo o órgão, eles ainda propuseram uma reunião entre os Ministérios e a Agência Nacional de Aviação Civil para discutirem sobre a facilitação de práticas de racismo praticado por empresas aéreas.

“Propusemos uma reunião entre os Ministérios e a ANAC, com o objetivo de debater medidas de prevenção de casos de racismo e de mecanismos de regulação das companhias aéreas”, ressaltou.

Logo em seguida, o Ministério relatou que a Procuradoria Geral da República na Bahia e a Superintendência Regional da Polícia Federal foram acionadas para que sejam tomadas as devidas providências diante os resultados da apuração do caso.

Entenda o caso

O vídeo do caso viralizou nas redes sociais e gerou revolta. Na ocasião, a pesquisadora da Fiocruz estava em um voo em Salvador com destino a São Paulo. De acordo com testemunhas, Samantha estava pedindo ajuda para encontrar um lugar para acomodar a mochila que continha um notebook.

Os funcionários da linha aérea estavam ignorando os pedidos de ajuda e falaram para a mulher despachar a bagagem. Samantha negou, pois ao despachar o aparelho eletrônico ele poderia sofrer danos dentro do compartimento inferior da aeronave. Graças a ajuda dos outros passageiros, eles encontraram um lugar vazio no bagageiro para acomodar a mochila.

Contudo, três agentes da Polícia Federal apareceram e tentaram expulsar Barbosa, alegando que estava cumprindo “ordens da tripulação”. O comandante do voo havia feito uma reclamação dizendo que ela estava “atrasando o voo” e “atrapalhando a decolagem”.

O vídeo que circula nas redes sociais registrou o momento em que a coordenadora de educação se recusa a sair do voo e protesta contra os policiais. Porém, alguns minutos depois ela é retirada da aeronave e foi direcionada a delegacia do aeroporto. Após o suporte de passageiros e até mesmo de Manoel Soares, jornalista e apresentador do programa “Encontro” da TV Globo, mobilizar-se no Twitter, ela foi liberada e teve que assinar um termo circunstanciado.

O Ministério da Igualdade Racial cobrou um posicionamento da empresa de linhas aéreas e da Polícia Federal sobre as suas posturas.

“Acreditamos que a responsabilização neste caso possui papel educativo e cabe tanto à GOL quanto a Polícia Federal prestarem satisfações. Estamos em contato já com a companhia aérea para que sejam prestados os esclarecimentos devidos”, acrescentou finalizando o pronunciamento.

Em nota, a GOL justificou que Samantha não havia colaborado com o despacho da bagagem no local correto e isso é uma regra em que não pode haver exceções, pois remete a protocolos de segurança. Confira:

“A GOL informa que, durante o embarque do voo G3 1575 (Salvador – Congonhas), havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos Clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma Cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo.

Lamentamos os transtornos causados aos Clientes, mas reforçamos que, por medidas de Segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A Companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a GOL e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso”.

Veja Também