Islândia declara estado de emergência após terremotos; vulcão pode entrar em erupção a qualquer momento

A Islândia declarou estado de emergência e fez um alerta à pequena cidade da Costeira de Grindavík. Três mil moradores evacuaram a cidade enquanto as autoridades locais esperam por uma erupção vulcânica.

Cientistas que monitoram a situação, incluindo os do Gabinete Meteorológico da Islândia (IMO, na sigla em inglês), observaram neste domingo (12) alterações que mostram indícios de que “o magma está se aproximando da superfície”, e concluíram na segunda-feira (13) que “a maior área de ressurgência de magma” é em uma área a 3,5 quilômetros a nordeste de Grindavík.

Segundo Thorvaldur Thordarson, professor de vulcanologia da universidade da Islândia, um buraco que mede mais de um metro de profundidade apareceu recentemente em Grindavík, e, segundo ele, isso indica que “está bastante claro que o magma atingiu uma profundidade muito próxima da cidade”. Alguns moradores da pequena cidade tiveram autorização para voltar para casa para recolher alguns pertences essenciais na segunda-feira e na terça-feira. Mas de acordo com a emissora estatal islandesa RUV, chegaram novamente ordens de evacuação por motivos de “um aumento no valor de SO2” detectado pelos medidores de gás do Met Office, referente ao aumento dos níveis de dióxido de enxofre no ar.

Um porta-voz do município de Reykjanesbaer contou à CNN que as autoridades locais estão se preparando para construir uma trincheira de proteção ao redor de uma usina geotérmica a cerca de 6 quilômetros de Grindavík. A usina está localizada próxima à Lagoa Azul, uma atração turística popular. Se ocorrer uma erupção, a trincheira poderá evitar que a lava chegue à usina provocando interrupções e danos, disse Bjarndal.

De acordo com a Agência de Proteção Civil, que utilizou modelos construídos a partir de dados recolhidos na área, um corredor de magma de 15 quilômetros se estendeu agora desde o Noroeste de Grindavík até o Oceano Atlântico.  Se a erupção acontecer, a lava provavelmente se moveria para o oeste e para o mar.

Os especialistas informam que se o magma entrar em erupção no fundo do mar, será mais explosivo do que se entrar em erupção em terra, embora uma erupção em terra seja uma ameaça ainda maior para Grindavík.

“Pode se tornar explosivo se o magma interagir com a água do mar” informou Michele Paulatto, pesquisadora do Imperial College London, em nota. “Se entrar em erupção no fundo do mar, poderá causar uma erupção Surtseyan semelhante à que aconteceu em 1963, também na Islândia, e criou a ilha de Surtsey. Essa erupção em particular durou vários anos, então esta é uma possibilidade”, acrescentou.

Conforme Bill McGuire, professor emérito de riscos geofísicos e climáticos da University College London, “A cidade evacuada de Grindavík está muito próxima da posição da nova fratura e a sua sobrevivência está longe de estar garantida”, acrescentou. “Tudo depende de onde o magma eventualmente chegará à superfície, mas a situação não parece boa para os moradores da cidade”.

Mas ainda existe a possibilidade de o magma nem vir à superfície. Como Dave McGarvie, vulcanologista da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, explicou: “nem todos os diques rompem a superfície para formar erupções… talvez apenas um em cada três ou quatro”.

Ele ainda acrescentou: “O melhor cenário é que isso aconteça com o dique de 15 km de comprimento que acabou de se formar, e que ele simplesmente esfrie e solidifique – e não entre em erupção”.

Embora exista essa possibilidade, efeitos da atividade sísmica já são notórias. A administração rodoviária islandesa compartilhou fotos nas redes sociais de estradas que foram danificadas, como asfaltos em pedaços, calçadas quebradas e rachaduras nas estradas.

A famosa Lagoa Azul, um spa geotérmico a cerca de sete quilômetros ao norte de Grindavík que atrai turistas pelas suas águas quentes, foi fechada na quinta-feira por precaução.

“Os vapores tóxicos são uma preocupação real, sendo o principal deles o dióxido de enxofre, que pode ser corrosivo e causar problemas respiratórios”, disse Paulatto. “Não é algo com que devamos nos preocupar no Reino Unido, mas a população local e os turistas podem ser afetados dependendo da direção do vento predominante”.