Retrospectiva: os 10 acontecimentos mais importantes de 2020 no Brasil e no mundo

Luan Monteiro

Considerado um dos mais atípicos das últimas décadas, 2020 se dividiu entre a mais grave pandemia em 102 anos e a iminência de uma terceira guerra mundial ainda no início do ano, porém, outros fatos muito relevantes aconteceram no decorrer desses 12 meses. Veja, portanto, as notícias que mais impactaram este ano no Brasil e no mundo.

Assassinato do general iraniano Qasem Soleimani

O ano começou com um bombardeio americano no Aeroporto de Bagdá, Iraque, no dia 2 de janeiro, que matou um dos homens mais poderosos e populares do Irã, o general Qasem Soleimani. O Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, confirmou que o ataque foi ordenado pelo presidente Donald Trump, que culpou o general pela morte de americanos no Oriente Médio.

No dia do funeral do general, milhares de iranianos foram às ruas, e cerca de 30 pessoas morreram durante as demonstrações, o que levou o Irã a disparar 22 mísseis contra bases aéreas americanas no Iraque. A situação aumentou tensões entre os países e o planeta inteiro teve medo de protagonizar uma terceira guerra mundial.

Incêndio florestal na Austrália mata mais de 1 bilhão de animais

Ainda em janeiro, a Austrália viveu um dos piores incêndios florestais dos últimos anos, com focos iniciados em setembro de 2019, o fogo causado pela falta de chuvas e fortes ventos atingiu cerca de 8 milhões de hectares de terra e matou ao menos 26 pessoas e 1 bilhão de animais.

Segundo pesquisa encomendada pela World Wide Fund for Nature (WWF), quase 3 bilhões de animais foram afetados pelos incêndios. O governo australiano lançou alimentos para os animais nas áreas afetadas pelo incêndio para amenizar os prejuízos à natureza.

Pandemia da Covid-19

A Pandemia causada pelo novo coronavírus tem sido o fato que mais afetou o cotidiano das pessoas em 2020. A doença foi identificada pela primeira vez em Wuhan, província de Hubei na China no dia 1 de dezembro de 2019, porém, o primeiro caso foi reportado em 31 de dezembro de 2019. No Brasil, foi em 26 de fevereiro deste ano o primeiro caso confirmado. O paciente era um homem de 61 anos, recém chegado da Itália, e deu entrada no Hospital Albert Einstein no dia anterior à confirmação.

Em 17 de março o Ministério da Saúde (MS) é notificado da primeira morte pelo novo coronavírus no Brasil. A vítima foi um homem de 62 anos com histórico de hipertensão e diabetes, que estava internado em um hospital particular de São Paulo, onde outras cinco mortes eram investigadas na mesma rede.

Em 20 de março, o MS reconheceu transmissão comunitária da Covid-19 em todo o território nacional, e passou a recomendar a adoção de medidas de distanciamento social para diminuir a disseminação do vírus no país.

Em 24 de março se teve registro de casos da covid-19 em 26 estados e no Distrito Federal. No mesmo dia, em pronunciamento, o presidente Jair Bolsonaro criticou o pedido do Ministério da Saúde para que as pessoas ficassem em casa para evitar a disseminação do vírus.

No decorrer dos meses o número de infectados e de mortes tomou grandes proporções e, em 14 de dezembro, o mundo alcançou 72 milhões de casos confirmados da doença e 1,6 milhões de mortes em decorrência da pandemia. No Brasil, até o fechamento desta matéria, eram 6,9 milhões de casos confirmados e mais de 181 mil mortos.

Morte de George Floyd e protestos do Black Lives Matter

Em 25 de maio, George Floyd foi morto por um policial em Minneapolis, nos Estados Unidos. Homem negro, George foi abordado por supostamente usar notas falsas em um supermercado e teve o pescoço pressionado pelo oficial enquanto gritava “I can’t breathe” (“Eu não consigo respirar”), até vir a óbito. Após a morte de Floyd, protestos antirracistas e contra violência policial contra negros começaram a acontecer nos Estados Unidos e no mundo. Estes protestos levaram dezenas de pessoas à morte e a confrontos entre manifestantes e policiais.

No Brasil, diversos protestos ocorreram em várias capitais, buscando o fim da violência contra a população preta. Os protestos também jogaram luz sobre a desigualdade social e racial no mundo.

Explosão em Beirute

Apesar de ter sido um acidente, uma explosão que aconteceu na região portuária de Beirute, capital do Líbano, em 4 de agosto teve repercussão mundial e deixou o país extremamente abalado. O grande impacto causou destruição em prédios a quilômetros de distância. A explosão, que aconteceu em um depósito de nitrato de amônio, um tipo de fertilizante, deixou pelo menos 182 mortos e mais de 6 mil feridos, além de graves problemas econômicos ao país.

Eleições estadunidenses

No dia 3 de novembro, já chegando ao fim do ano, aconteceram as eleições americanas. O presidente Donald Trump (Republicano) enfrentou o candidato Joe Biden (Democrata) na eleição mais polêmica da história dos Estados Unidos. A eleição registrou um número histórico de votos antecipados, fazendo com que a apuração fosse mais lenta em alguns Estados e forçando a mídia a atrasar a declaração de quem foi o vencedor até que a apuração fosse mais conclusiva.

No dia 7 de novembro, Biden foi declarado eleito após atingir a marca de 273 delegados no Colégio Eleitoral. Biden também foi o candidato que mais recebeu votos populares na história, 81 milhões. Já Trump, ficou marcado como um dos poucos presidentes a não conseguir se reeleger nos EUA.

Apesar do claro resultado das eleições, o presidente Donald Trump também se recusou a aceitar a derrota, alegando, sem provas, fraudes no sistema eleitoral e prometendo levar a decisão para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Trump lançou diversos processos judiciais questionando as apurações dos estados onde perdeu, porém, juízes de várias regiões rejeitaram o pedido do presidente.

Em 14 de dezembro, em uma mera formalidade, os colégios eleitorais confirmaram a vitória de Joe Biden, com 306 colégios eleitorais, na maior eleição presidencial da história dos Estados Unidos.

Apagão no Amapá

Após incêndio em uma estação de energia destruir o transformador que levava energia elétrica à maior parte da população do Estado, o Amapá ficou sem energia em 13 de suas 16 cidades. Após dois blecautes e 22 dias de fornecimento de energia em rodízio, a energia foi restabelecida no Amapá.

Muitos dos moradores das 13 cidades do Estado que ficaram sem energia tentaram viver através de geradores, muitos hospitais ficaram sem energia por longos períodos, cirurgias e tratamentos foram cancelados. As eleições municipais em Macapá foram adiadas por conta do apagão.

Na madrugada do dia 24 de novembro, o fornecimento de energia foi restabelecido em 100% nos 13 municípios atingidos, dois dias antes do prazo final para a retomada total dos serviços de energia elétrica, pondo um fim no sistema de racionamento após 22 dias de apagão segundo as Linhas Macapá de Transporte e Energia (LMTE) e o Governo Federal.

Eleições municipais no Brasil

Mesmo durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, o Brasil realizou as eleições municipais programadas para 2020. O pleito foi feito com medidas de segurança e horários preferenciais para pessoas do grupo de risco.

Programadas para ocorrer nos dias 4 de outubro (primeiro turno) e 25 de outubro (segundo turno), as eleições foram adiadas com uma emenda constitucional, passando a data para os dias 15 de novembro (primeiro turno) e 29 de novembro (segundo turno). Porém, devido à crise de abastecimento de energia no Amapá, as eleições de Macapá foram adiadas para os dias 6 de dezembro (primeiro turno) e 20 de dezembro (segundo turno).

Com atraso na divulgação dos dados, os eleitores escolheram os prefeitos e vereadores dos 5.570 municípios do país, exceto Brasília. Ao todo, foram preenchidos 67,8 mil cargos públicos eletivos. Houve segundo turno em 57 dos 95 municípios que possuem mais de 200 mil habitantes.

Os partidos que mais elegeram prefeitos foram o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com 784 prefeitos eleitos; Progressistas (PP), com 685; e o Partido Social Democrático (PSD), com 654.

Morte de Maradona

No dia 25 de novembro o jogador de futebol argentino, Diego Armando Maradona, morreu aos 60 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Maradona, um dos grandes ídolos da história do futebol e o maior ídolo do futebol argentino, sofreu um mal súbito no fim da manhã daquela quarta-feira.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, declarou luto oficial de três dias no país. Em publicação nas redes sociais, o presidente lembrou que Maradona levou a Argentina “ao topo do mundo” e fez o país “imensamente feliz […] Fostes o maior de todos”. Obrigado por ter existido, Diego. Sentiremos sua falta para toda a vida”, escreveu o chefe de Estado.

Início da vacinação contra a Covid-19

Doze meses após o primeiro surto conhecido da Covid-19, o Reino Unido iniciou a vacinação no dia 8 de dezembro. Doses da vacina produzida pela Pfizer/BioNTech foram distribuídas em 70 hospitais do Reino Unido para pessoas com mais de 80 anos e parte dos profissionais que trabalham em unidades de saúde e asilos.

O programa busca proteger os mais vulneráveis e expostos ao vírus. A retomada da normalidade acontecerá apenas quando grande parte da população estiver imunizada.

Margaret Keenan, de 90 anos, foi a primeira pessoa a ser vacinada no país, sendo o primeiro a iniciar a imunização. Keenan recebeu a primeira dose em um hospital em Coventry, região central da Inglaterra. Como a vacina deve ser tomada em duas doses, a segunda será aplicada em 21 dias.