Quando a morte nos pega de surpresa

José Barbacena, o Barba, ou Balbas para alguns, era mais do que um grande jornalista. Trazia na sua presença a simpatia de quem nunca desanimou diante dos maiores desafios que a vida lhe impôs

Postado em: 16-05-2022 às 10h40
Por: Augusto Diniz
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José Barbacena, o Barba, ou Balbas para alguns, era mais do que um grande jornalista. Trazia na sua presença a simpatia de quem nunca desanimou diante dos maiores desafios que a vida lhe impôs

A noite de sábado não foi nada fácil. A dor de perder um amigo é algo indescritível. Nós nunca temos noção da reação que teremos quando o golpe dado por uma notícia tão triste chega. E foi assim, ao abrir o Instagram, que fui informado sobre a morte do jornalista José Barbacena Neto, o Barba, ou Balbas para os mais próximos, aos 36 anos. 

Morrinhos, na Região Sul do Estado, perdeu um de seus grandes filhos. José Barbacena Neto era um apaixonado pela cidade. Nunca deixou de falar do município com orgulho. Barba era mesmo uma pessoa que cultuava o amor pela vida. Nem com todas as dificuldades que a saúde colocou em seu caminho, Barbacena deixou de olhar para cada dia como uma oportunidade.   

Não contive o choro naquela noite. Foi bastante complicado lidar com a notícia da morte do colega de profissão e companheiro de futebol José Barbacena. Com amor futebolístico dividido entre o Vila Nova e o Corinthians, estreou no jornalismo esportivo ao escrever “Salvação para o gol é apresentada”, sobre a chegada do hoje falecido goleiro Max ao Vila Nova. Era dia 9 de janeiro de 2008. A primeira notícia a estampar uma página do Diário da Manhã, onde conheci o Barba.

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Naquele mesmo ano, o vilanovense José Barbacena viveu a glória e a frustração, sem deixar de lidar com alegria e ânimo com a cobertura diária, ao ver a melhor campanha da equipe na Série B do Campeonato Brasileiro. Barba acompanhou a temporada de vitórias e permanência do Tigrão na zona de classificação para a primeira divisão do Brasileirão por 20 das 38 rodadas de 2008. 

Depois o esporte ficou de lado profissionalmente. Passou a cobrir política e virou editor em uma área bem diferente daquela em que o gol é sempre a maior alegria. Dos tempos de convivência e cobertura em centros de treinamento e estádios, Barba fez parte da “turma da resenha”, que se reunia toda tarde, entre uma matéria e outra, no espaço onde ficava a equipe do on-line do Diário da Manhã. Era ali, em frente à sala do jornalista Batista Custódio, fundador do DM, que a conversa rendia entre um café quente, outro gelado, um monte de risadas e a cobrança de editores quando o barulho passava da conta.

De editor de política, em seguida foi para a assessoria de imprensa. Lidou por anos com redes sociais durante os governos Marconi Perillo (PSDB). Aqui e ali, mantinha em dia o que mais gostava de fazer, que era falar sobre futebol com os amigos, de política com que encontrava nas pautas diárias e de jogar, tanto nos campeonatos que o Resenha, equipe formada por funcionários e ex-colegas de jornal, ou no futebol tarde da noite uma vez por semana.

Comemorou os títulos importantes do Timão no início da década passada, como a Libertadores e o Mundial de Clubes sobre o Chelsea. E sempre comentava do Galo comigo quando nos encontrávamos. Era um amante do futebol antes de qualquer coisa. Suas fotos, além de registros das “resenhas” com amigos e parentes, são uma coleção de idas a estádios, inclusive na Copa do Mundo de 2014, que foi disputada no Brasil.

Mesmo sem tanto contato nos últimos anos, o que se agravou com a pandemia da covid-19, não diminuiu meu respeito e admiração pelo Balbas, Barba, ou apenas José Barbacena, o jornalista crente na vida e craque das peladas. Vá em paz, Barba. Que a dor sofrida nos últimos tempos seja compensada com o conforto do merecido descanso, mesmo que tão cedo. Espero que um dia voltemos a rir bastante da glória ou desastre de nossos times quando nos reencontrarmos em algum lugar.

Augusto Diniz é editor executivo do Jornal OHoje

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