Mendanha não descarta concorrer à Prefeitura de Goiânia em 2024

Impedimento jurídico contém, segundo ele, margens para contestação

Postado em: 17-02-2023 às 08h30
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Mendanha não descarta concorrer à Prefeitura de Goiânia em 2024
Impedimento jurídico contém, segundo ele, margens para contestação. | Foto: O Hoje

O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota) visitou o grupo O HOJE na manhã da última quinta-feira (16/2). Durante bate-papo com jornalistas, o político rememorou alguns importantes momentos de sua trajetória, como também comentou as pretensões para o futuro político. Durante a conversa, Mendanha não descartou a possibilidade de concorrer à Prefeitura de Goiânia no pleito de 2024, ainda que isso pareça impossível. 

Ao ser questionado sobre a possibilidade de concorrer a algum cargo em 2024, a princípio brincou com a situação: “disputar, só se for algum campeonato de futebol ou corrida de rua”. Depois, acrescentou que poderia, sim, ingressar na disputa pela prefeitura da Capital. Questionado sobre os impedimentos jurídicos, haja vista que a legislação veda a participação de um prefeito reeleito na disputa, argumentou que há margem para questionamento da regra vigente. 

“Existem duas normativas, uma mais antiga, que vedaria uma eventual candidatura em qualquer hipótese, que se trata de uma resolução, não estamos falando nem de uma lei. Ela dizia que um prefeito reeleito não poderia ser candidato em uma cidade que fosse limite com o seu município. A nova resolução é um pouco mais dura, só que quando olhamos para as justificativas, temos dois caminhos que permitem discussão”, argumentou. 

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O primeiro deles, segundo ele, passa pela criação da figura dos prefeitos itinerantes. “O questionamento hoje é o seguinte: ‘por que que a pessoa que é reeleita não pode ficar até o final do mandato e disputar outro pleito?’. Porque no ofício do cargo a pessoa teria condições de se beneficiar. Mas não estou no ofício do cargo. Essa é a discussão que pode ser aberta. Vai dar certo? Não sei”. 

Ele lembrou ter ocupado a posição de prefeito por apenas 1 ano de 3 meses antes de renunciar ao mandato e se tornar candidato ao governo de Goiás. “De que forma então eu poderia me beneficiar hoje?”. Além desse ponto, o prefeito também apontou para uma segunda possibilidade. “Normalmente a discussão tem relação com quem migra de uma cidade maior para uma cidade menor. No meu caso eu estaria saindo de um município menor para um maior. Não estou dizendo que é algo que vai passar [ser aceito judicialmente], mas quem diria que poderíamos ter mais de uma candidatura ao Senado em uma chapa? O Delegado Waldir questionou e o STF permitiu”. 

O ex-prefeito pontuou, ainda, que não pretende buscar uma resposta sobre o assunto na Justiça, mas atestou ter conhecimento de outros ex-gestores com essa intenção, o que poderia terminar na criação de uma jurisprudência sobre o assunto. “Não entrei com pedido algum, não é algo que passe pela minha cabeça, só estou dizendo que os entendimentos mudam e, no meu caso e no caso de outros, pode ser que alguém queira ser candidato”. 

Ainda sobre a disputa que se avizinha, Medanha se mostrou confortável para apoiar a reeleição de Vilmarzinho Mariano em Aparecida de Goiânia. “O Vilmar tem mais de 20 anos de vida pública. Ele sai de presidente de bairro para assessor de vereador, vereador, presidente da Câmara, vice-prefeito e prefeito. Ele tem todo um trabalho realizado. Ele tem todas as condições, administrativamente e politicamente, de chegar bem e ser reeleito”

E Rogério? 

Quanto ao prefeito da Capital, Mendanha foi mais incisivo: “Não dá para comparar [Vilmar Mariano] com o Rogério Cruz que está no início do mandato. O Rogério me parece ser um bom pai, um bom esposo, um homem de família, religioso, mas enquanto gestor ele deixa muito a desejar. Tenho escutado diversas reclamações, o pessoal está dizendo que Goiânia perdeu o brilho. Tem muita gente deixando a Capital para morar em Aparecida. A  bíblia diz que cada um nasce com um dom, acho que ele nasceu para ser pastor, não político, muito menos gestor”. 

2026 

O políico também foi questionado sobre as eleições de 2026. Caso não dispute a prefeitura da Capital, disse que atualmente se vê na corrida pelo Governo. “Fui muito consciente na disputa de 2022. Eu queria me posicionar, queria que as pessoas me conhecessem. O bônus poderia ser a vitória. Eu queria ser candidato a governador, para apresentar o que fizemos em Aparecida. A política é feita pelas oportunidades que são criadas. Eu vi uma avenida aberta sem candidato de oposição. Marconi enfraquecido. Daniel não queria ser candidato a governador. Então vi a possibilidade de ser candidato. E tive a coragem de deixar a prefeitura com mais de 600 mil habitantes, um belo de um orçamento, para me tornar líder no estado”, rememorou. 

E continuou chamando atenção para seu perfil, segundo ele, mais inclinado ao Executivo. “Quem nasce para ser do Executivo, dificilmente dá certo no Legislativo e vice versa. Particularmente, acho que tenho perfil mais de Executivo. Fiz pesquisas para avaliar no momento da minha candidatura a governador e sempre me colocaram mais como Executivo. Eu fui um bom parlamentar, não vou dizer que fui um vereador medíocre, fui presidente da Câmara e foi onde me fiz político e me tornei uma liderança. Mas eu gosto mais do Executivo, apesar de não ter tido nenhuma dificuldade de ser Legislativo”.

Ex-irmão

Mendanha também comentou o rompimento que levou ao distanciamento de Daniel Vilela, considerado, por anos, seu irmão. Segundo ele, atualmente não há qualquer relação entre ambos. “Na vida a gente amadurece. O meu pai costumava falar que o tempo cura tudo, até queijo. Acho muito difícil uma aproximação, mais em função dele. Existem figuras que não me apoiaram, por exemplo, mas que mantenho boas relações. E existem casos em que as boas relações podem culminar em relações políticas. Eu tenho vontade de voltar a ter relação política com o Daniel? Isso não passa pela minha cabeça. Do ponto de vista pessoal, não gosto de ter animosidade com ninguém. Não o sepultei. Se um dia ele quiser voltar a ter relação pessoal comigo… do ponto de vista político, acho difícil nas próximas eleições estarmos juntos, possivelmente estaremos em campos opostos”. 

Gestão Caiado

O ex-prefeito também foi perguntado se pretende levantar a bandeira da oposição de maneira mais aguerrida nos próximos meses. Sobre o assunto, disparou: “Eu diria que sou oposição ao governo Caiado, mas não passa pela minha cabeça essa política tradicional de que para aparecer tenho que torcer pelo pior. Vou torcer pelo melhor. Em algum momento, se necessário alguma crítica, farei, como sempre fiz. Mas não quero ser alguém que vai ficar com uma estaca, a todo momento fazendo vídeos só para aparecer. Sou alguém que costuma ser discreto. Acho, inclusive, que a política precisa de uma modernização dos políticos. Temos muitas pessoas que falam muito, gritam muito, mas que de maneira prática não fazem nada para melhorar a vida das pessoas”.

E finalizou, inclusive, deixando uma dica a Caiado: “Se pudesse colaborar com esse segundo mandato, aconselharia o governador a viajar mais. Embora pareça que essas viagens são feitas a título de turismo, acho que elas contribuem e muito. Nós tivemos em Goiás a figura do Mauro Borges que se aventurou em sair do País e buscar experiências, foi um dos grandes governadores do ponto de vista de planejamento. O Iris, embora tenha parado de fazer isso nos últimos anos, em determinado momento foi a Nova Iorque, Israel, China em busca de experiências. Marconi também fez um bom trabalho de diplomacia. O Caiado, no entanto, acabou com isso. E você só passa a receber quando você vai. Que vá conhecer os cases de sucesso que existem no mundo. O que há de bom pode e deve ser copiado”, pontuou.

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