Tucanos tem novo coordenador

Challes Antônio substitui Jayme Rincón, preso em operação da Polícia Federal com R$ 80 mil em casa

Postado em: 29-09-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Challes Antônio substitui Jayme Rincón, preso em operação da Polícia Federal com R$ 80 mil em casa

A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o coordenador da campanha à reeleição do governador Zé Eliton (PSDB), Jayme Rincón, e apreendeu R$ 80 mil em dinheiro na sua casa. A PF também apreendeu R$ 940 mil, guardados em caixas de papelão, e cartuchos de balas de arma de fogo na casa do motorista de Rincón, o policial militar Márcio Garcia de Moura. A Operação Cash Delivery, em conjunto com o Ministério Público Federal, cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-governador Marconi Perillo (PSDB) em Goiânia, Pirenópolis, Aparecida de Goiânia, Aruanãe em São Paulo e Campinas. 

Rincón foi conduzido à sede da Polícia Federal ainda pela manhã em viatura da PF e prestou depoimento aos delegados e membros do MPF. O filho dele, Rodrigo Godoi Rincón, foi preso em São Paulo e chorou durante o depoimento de custódia na PF, que ainda deve ser submetido a exames psicológicos. Mais três mandados de prisão temporária foram cumpridos em Goiânia: o policial militar Márcio Garcia de Moura (motorista de Jayme Rincón), o empresário Alberto Pacheco Júnior e o ex-policial militar e advogado Pablo Rogério de Oliveira. 

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Segundo o MPF, a operação tem o objetivo de “colher provas da prática de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa atribuída ao ex-governador Marconi Perillo em colaborações premiadas de executivos da Odebrecht”. Segundo os delatores da empreiteira, Perillo recebeu propina de 2 milhões de reais em 2010 e 10 milhões de reais em 2014, para suas duas últimas campanhas ao governo do estado. Jayme Rincón foi apontado como operador dos pagamentos de propina por parte da empreiteira Odebrecht, em Goiás.

Marconi Perillo seguiu agenda de campanha ao Senado Federal no Vale do São Patrício. Durante discurso em Crixás, o ex-governador atribuiu a operação da PF ao candidato democrata Ronaldo Caiado e a classificou como eleitoreira. “O que o ‘coronelzão’, que está por trás dessa operação, porque o promotor é amigo do procurador, que é ligado a ele, já fez por Goiás? Agora é hora da onça beber água e mostrar quem tem prestígio”, disse Perillo. Em outro vídeo, ele diz ainda: “Eu sou nego [sic] duro, sou aroeira, temperado no aço. Eu ando de cabeça erguida pelo estado inteiro”. 

O MPF alegou não ter pedido mandado de prisão temporária contra Marconi Perillo por conta da Legislação Eleitoral – que não permite um candidato ser preso 15 dias antes e até 2 dias depois das eleições gerais. A defesa do ex-governador, por meio de nota do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, disse não haver “qualquer fiapo de indício contra Marconi Perillo”. A nota segue dizendo que a atuação da PF e do MPF “é, sem dúvida, uma clara interferência, indevida e perigosa, contra a estabilidade democrática”.  

Zé Eliton publicou nota dizendo que fato não tem ligação com campanha 

A coligação de Zé Eliton, “Goiás Avança Mais”, encaminhou nota à imprensa salientando que os fatos em apuração não possuem qualquer vinculação com a campanha à reeleição. “Tratam de fatos pretéritos que não têm relação com o atual momento eleitoral. Ficamos surpresos com o desencadeamento de uma operação a apenas nove dias das eleições com potencial de influenciar o processo eleitoral. Confiamos na integridade do ex-governador Marconi Perillo, sabendo que ele terá a oportunidade de, nas regras constitucionais e processuais, demonstrar a lisura dos seus atos. Acreditamos nas instituições e no Estado de Direito”, diz a nota. 

O diretório goianiense do PSDB declarou apoio e total confiança em Marconi Perillo. O presidente do diretório, Eurípedes Jerônimo, disse que os fatos citados pela delação – sem nenhuma prova -, mostram a fragilidade das acusações contra Marconi e que, no momento certo, o ex-governador vai provar a lisura dos seus atos.

A nota da coligação de José Eliton também informa que as atividades de campanha seguem normalmente sob o controle do novo coordenador, Charlles Antônio, que acumula a coordenação de Aparecida de Goiânia. Jayme Rincón ficará preso temporariamente por cinco dias. 

Adversários se manifestam 

O candidato do DEM ao governo estadual, senador Ronaldo Caiado, disse que “mais uma vez, o grupo que está no poder há 20 anos, coloca o Estado de Goiás em um escândalo”. A frase foi dita em um vídeo divulgado em sua conta de uma rede social. 

Daniel Vilela, candidato do MDB ao Palácio, por sua vez, divulgou nota afirmando que a prisão de Rincón é a pá de cal no chamado Tempo Novo. “O Tempo Novo chegou ao fim da pior forma possível. Os goianos não merecem o que esses coronéis fizeram com o Estado”. 

Investigações

As suspeitas contra Marconi Perillo têm como origem colaborações premiadas feitas por executivos da empreiteira Odebrecht. Segundo o MPF, o caso foi remetido à primeira instância a partir da renúncia de Marconi Perillo ao mandato de governador de Goiás e a consequente perda de foro privilegiado. O caso foi então assumido pelo Núcleo de Combate à Corrupção do MPF em Goiás e pela Polícia Federal.

A investigação foi iniciada em junho de 2017, perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a nota do MPF, em julho de 2018 a Justiça Federal autorizou acesso a e-mails e a extratos de ligações telefônicas dos investigados, bem como às suas respectivas localizações, com base em informações das antenas das operadoras de celulares. (*Especial para O Hoje) 

 

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