Psicólogo explica porque realities fazem tanto sucesso e porque gostamos tanto de assistir brigas e discussões

Entenda porquê o ser humano gosta tanto do fogo no parquinho

Postado em: 06-02-2022 às 13h22
Por: Igor Afonso
Imagem Ilustrando a Notícia: Psicólogo explica porque realities fazem tanto sucesso e porque gostamos tanto de assistir brigas e discussões
Entenda porquê o ser humano gosta tanto do fogo no parquinho | Foto: Reprodução/Globoplay

Ao que podemos atribuir o sucesso de realities shows? Porque gostamos tanto de assistir outras pessoas cumprindo tarefas domésticas, provas de agilidade ou resistência, discutindo e festejando? Qual a explicação por trás do fascínio do ser humano em ver o ‘circo pegando fogo’? 

Não é de hoje que essas perguntas rondam a cabeça das pessoas: porque gostamos tanto de ver outras pessoas fazendo coisas e passando por situações que nós passamos diariamente dentro de casa? O psicólogo e escritor André Barbosa é especialista em terapia cognitivo-comportamental e explica que grande parte do sucesso dos realities shows vem do marketing e do desejo do ser humano de ter o poder sobre todas as coisas.

“Existem várias correntes que trabalham a respeito de entender o porquê, como as várias campanhas que envolvem marketing de indução, manada de pessoas que são símbolos de um segmento falando de um programa e eles são muito bons nisso. Fora o marketing, o ser humano tem uma tendência de se colocar em uma posição de Deus: gosta de observar tudo, olhar tudo, além da sensação de poder eliminar uma pessoa, dar a chance para a pessoa continuar”, pontua.

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Uma das atrações mais aguardadas em realities como Big Brother, onde mostra a convivência entre pessoas distintas 24 horas por dia, são as brigas. Porque o ser humano gosta e, muitas vezes, anseia por momentos de conflitos e discussão? Por que isso parece ser tão prazeroso?

De acordo com o psicólogo André Barbosa, essa é uma tendência filogenética do ser humano, que tende a voltar sua concentração para gritos, raiva e explosões de humor. “A nossa atenção se desperta por conta de uma área chamada ‘sistema límbico’, lá na amygdala que é uma área importante do nosso cérebro. Ela é responsável pelo sistema de alerta e fica superestimulado quando vê uma briga. A neurociência explica muito essa atenção que temos diante das brigas, então reality show que não tem briga, não gera atenção”, explicou. 

Discussões, falas racistas, LGBTQIA+fóbicas e machistas ganham grande repercussão na internet e de maneira muito rápida. Em algumas situações, o uso dessas falas ou atitudes que são tomadas, são vistas como oportunidades para temas relevantes serem debatidos em rede nacional, mas e quando essa explosão de informações e conteúdos na internet são negativos? Quais os fatores para a ‘cultura do cancelamento’ estar sempre em alta quando relacionada à realities shows?

Barbosa ressalta que o cancelamento nada mais é do que o apedrejamento em praça pública de maneira virtual. “Fomos muito acostumados, sendo séculos e séculos vendo isso como uma ponta de prazer do homem. Culturalmente os programas de violência 190 e afins, são na hora do almoço, o  que deveria ser uma hora de prazer, então existe um prazer ruim nessa cultura do cancelamento, que nada mais é a extensão do que a sociedade sempre já foi”, diz.

E como identificarmos o limite de até onde os pensamentos e opinião sobre realities são saudáveis ou quando se transforma em discurso de ódio? Atente-se aos sinais, a partir do momento que existe algum prazer que está afetando ou corroendo outras áreas da sua vida que são importantes como o trabalho, a vida social, a saúde mental, vida familiar, vira algo nocivo. 

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