Entenda os riscos do uso indiscriminado de medicamentos naturais, como os fitoterápicos

Doutora em ciências farmacêuticas orienta que a medicação deve ser regularizada pela Anvisa e orientada por profissionais especializados

Postado em: 15-04-2022 às 15h55
Por: Jennifer Neves
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Doutora em ciências farmacêuticas orienta que a medicação deve ser regularizada pela Anvisa e orientada por profissionais especializados | Foto: Reprodução

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recentemente publicou uma cartilha sobre o uso de plantas medicinais e fitoterápicos. O objetivo do manual é de instruir a população a respeito de um problema que tem se tornado frequente, que se é natural, pode ser ingerido a qualquer momento e em qualquer quantidade.  

Segundo diz a professora de farmácia da Estácio e doutora em ciências farmacêuticas, Mariana Cristina de Morais, os fitoterápicos, assim como todos os outros medicamentos passam por um controle rigoroso de qualidade.“Desde a coleta do material vegetal, que inclui a identificação e o processamento correto da planta medicinal e todos os procedimentos de controle de qualidade físico químicos e microbiológicos para que não sejam encontrados contaminantes, como areia, microrganismos, metais pesados, agrotóxicos e outros, provenientes do processo de coleta ou colheita, ou mesmo do processamento da planta medicinal”, esclarece.

A farmacêutica também ressalta que o uso de qualquer fitoterápico deve ser orientado por profissionais especializados e com autorização para indicá-los. “A autorização é dada pelo conselho de cada profissão, por exemplo, o Conselho Federal de Medicina, ou de Farmácia, não sendo responsabilidade da Anvisa”, reforça.

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Alguns fitoterápicos, para a farmacêutica, são indicados para doenças de alta gravidade, como é o caso da Valeriana officinalis, que é indicado para ansiedade e distúrbios do sono. “Estes fitoterápicos devem ter acompanhamento médico, sendo que só podem ser prescritos por esses profissionais. Estes medicamentos, quando industrializados, possuem em sua rotulagem uma faixa vermelha com a indicação de que só podem ser prescritos por um médico”, classifica.

No entanto, Marina explica que existem outras plantas medicinais que são isentas de prescrição e podem ser indicadas por nutricionistas ou farmacêuticos. Exemplo disso é a californian buckthorn, ou Cáscara Sagrada, utilizada para tratar constipação intestinal.

A doutora reforça que o mal uso de fitoterápicos pode ocasionar problemas à saúde, como: “alterações na pressão arterial, problemas no sistema nervoso, fígado e rins, que podem levar a internações hospitalares e até mesmo à morte, se a planta for usada de modo incorreto”, cita.

Ela alerta para os riscos dos medicamentos irregulares. “A planta é um ser vivo e, por isso, pode sofrer influências da natureza, o que é determinante na presença de contaminantes e na produção de suas substâncias ativas. O mesmo pode ocorrer durante as etapas de limpeza, secagem, armazenamento e produção do fitoterápico”, complementa a doutora.

Os produtos regularizados oferecem uma garantia de qualidade, segurança e eficácia, “uma vez que estes comprovadamente foram produzidos conforme as melhores práticas de fabricação e com as substâncias adequadas”.

Para saber se o fitoterápico está regularizado, deve ter um número de 13 dígitos na embalagem, que começa com o algarismo 1, que serve para identificar medicamentos reconhecidos pela Anvisa. “Portanto, o número de registro do fitoterápico na Anvisa deve ser: Reg. MS: 1.XXXX.XXXX-XXXX”, orienta Mariana.

Segundo diz Marina, existe outra opção para adquirir os fitoterápicos que são nas farmácias de manipulação. Ela conta que são autorizadas pela vigilância sanitária e verificadas quanto ao cumprimento das boas práticas de manipulação.

“Outro ponto que vale destacar, existe um tipo de farmácia específica para manipulação de fitoterápicos, denominadas Farmácias Vivas. Sendo estabelecimentos públicos de saúde que cultivam, coletam, processam, armazenam, manipulam e dispensam plantas medicinais e fitoterápicos”, finaliza.

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