Moradores já podem ‘fechar’ ruas

Decisão já começou a valer, mas depende de aprovação prévia da Associação dos Bairros afetados. Setor Jaó é o pioneiro na ação

Postado em: 19-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Decisão já começou a valer, mas depende de aprovação prévia da Associação dos Bairros afetados. Setor Jaó é o pioneiro na ação

Wilton Morais* 

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A partir dessa semana, os moradores do bairro Jaó poderão fechar as ruas que dão entrada ao bairro pela Avenida Sucuri e Rua da Divisa, conforme projeto elaborado desde o ano passado. A autorização que depende de aprovação prévia da Associação dos Bairros permite que em outros setores da Capital haja mudanças na chamada Readequação Viária. A legislação viária foi sancionada na quarta-feira (17) pelo prefeito de Goiânia, Iris Rezende.

A legislação determina 90 dias para a regulamentação do projeto. “Na regulamentação serão apontados pré-requisitos para formalizar o bloqueio e indicar órgãos que receberão a documentação para o fechamento das vias. Mas independente disso, enviaremos os requerimentos para estudo prévio por parte da administração pública”, informou a presidente da Associação dos Moradores do Setor Jaó, Adriana Dourado.

Lazaro Lopes da Silva trabalha como Jardineiro no Setor Jaó e acredita que o fechamento das ruas seria algo viável. “Assim limita as entradas para criminosos. Isso seria vantajoso para os moradores. Trabalho com algumas pessoas aqui no bairro há 20 anos, e é um bairro perigoso, assim reforçaria a segurança”, contou. 

Já o estudante Herman Dunck ainda não conhecia a proposta para o fechamento das ruas, e ficou espantado com a possibilidade. “Não sabia dessa possibilidade. Mas não me importaria em ter que dar a volta para entrar na minha casa”, considerou. Para o estudante a medida evitaria transtornos de insegurança. “Geralmente entro pela parte de baixo no setor, essa volta não seria problema. O bairro até tem algumas câmeras de segurança. Os bandidos saem pela BR-153, é uma rota fácil para fuga”, complementou Herman.

No texto aprovado, a decisão é valida à restrição de veículos automotores em ruas sem saída, ruas sem impactos no trânsito local. 

Funcionamento

De acordo com a proposta, a readequação viária não fechará as ruas com muros, ou guaritas. Dessa maneira as ruas que dão acesso ao bairro seriam limitadas, reduzindo a fuga de assaltantes. “Cada bairro possui sua características. Mas esse fechamento não utilizará guaritas, cancelas ou muros. Nas ruas que fecharíamos uma das entradas, possibilitaríamos a redução das entradas e saídas no bairro. São 23 entradas e saídas atualmente no bairro, com a mudança passariam a ser apenas 11”, contou.

Sobre o fechamento das vias, que ainda não há previsão para que aconteça, a associação do bairro esclarece que está requerendo da Prefeitura a solicitação a associação. “Com esse requerimento, o município realiza um estudo de impacto ambiental e de trânsito. Após esse estudo já realizaríamos os fechamentos, com a autorização”. Conforme o projeto aprovado na quarta-feira, pelo prefeito de Goiânia, cabe a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT) e a Secretaria Municipal de Planejamento Municipal e Habitação (Seplanh) a competência para autorizar a restrição nas ruas.

“Essa regulamentação deve determinar, por exemplo, quais ruas não poderiam ser fechadas por conta da quantidade de tráfego de veículos. Por isso em cada caso é preciso um estudo por parte da Prefeitura”, ponderou Adriana. 

Segundo a presidente da associação de moradores, a barreira não terá custo de manutenção, mas apenas custo de implementação. Ainda não há definição de quem arcará com esse custo.  

Câmeras de vigilância reforçam a segurança nos bairros 

De acordo com o Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), do setor Jaó, câmeras de segurança devem fazer a leitura de placas de veículos nas entradas do bairro, após o fechamento das vias. “Já existe um contrato com a Secretaria de Segurança Pública, por meio do Centro Integrado de Inteligência, Comando e Controle [CIICC], no qual os moradores instalarão câmeras e por meio de um programa faríamos a leitura da placa dos veículos para identifica-los no caso de um veículo roubado”, informou a presidente da Associação dos Moradores do Setor Jaó, Adriana Dourado.

Conforme Adriana, com o sistema em funcionamento, a segurança do bairro seria reforçada, e a Polícia poderá ser acionada de imediato, após alerta no sistema de câmeras, definido pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO), em parceria com a administração municipal. “O ladrão veio roubar no bairro, mas imediatamente passaria por uma das câmeras, [já que nas demais entradas a barreira impediria o acesso]. Após a leitura, a polícia teria uma investigação facilitada”, considerou.

Dependendo de recursos financeiros, as câmeras dependem do apoio da comunidade para adquirir o equipamento. “Já estamos firmando o contrato com a segurança pública para a produção de imagens. Nesse projeto seriam usadas as imagens dos próprios moradores”, contou. Atualmente há 10 câmeras internas no setor Jaó.

“No Jaó o nosso problema maior é a insegurança, o ladrão entra na residência e coloca arma na cabeça de crianças. Acontecem sequestros. A nossa esperança é fechar o cerco e colocar uma resposta mais rápida na captura. O ladrão sabe que estará sendo vigiado”, relatou Adriana Dourado. (*Especial para o Hoje) 

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