Eleições presidenciais no Equador devem ir para 2º turno

O esquerdista Lenin Moreno, provavelmente terá que disputar o segundo turno com o conservador, Guillermo Lasso

Postado em: 20-02-2017 às 08h35
Por: Renato
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O esquerdista Lenin Moreno, provavelmente terá que disputar o segundo turno com o conservador, Guillermo Lasso

Dados oficiais, divulgados na madrugada desta segunda-feira (20),
indicam que o candidato governista à presidência do Equador, o esquerdista
Lenin Moreno, será o mais votado nas eleições desse domingo (19). Mas ele
provavelmente terá que disputar um segundo turno, no dia 2 de abril, com o
segundo colocado, o conservador Guillermo Lasso.

No Equador, é possível ser eleito presidente em primeiro
turno com o apoio de apenas 40% do eleitorado – desde que haja uma diferença de
pelo menos 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Segundo o
Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com 81,4% dos votos apurados, Moreno estava
na frente, com 38,9% dos votos, seguido por Lasso, com 28,5%.

Antes mesmo de a contagem de votos terminar, Lasso recebeu o
apoio da candidata Cynthia Viteri, que ficou em terceiro lugar, com 16,3% dos
votos. Ela prometeu votar nele, em abril. Mas o presidente do CNE, Juan Pablo
Pozo, alertou que só poderá confirmar a realização de uma segunda votação
depois que todas as urnas forem apuradas.

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As eleições presidenciais deste ano marcam o fim da era
Rafael Correa, que conclui seu terceiro mandato em maio, depois de governar o
Equador durante uma década. Ele ainda conta com a aprovação de quatro em cada
dez equatorianos, que associam os governos dele à estabilidade politica e
econômica: de 1997 até a primeira eleição de Correa em 2006, o país teve oito
presidentes, sendo que três foram depostos.

Economista com formação nos Estados Unidos e na Bélgica,
Correa aproveitou a alta dos preços das commodities para investir em
educação, saúde e infraestrutura, reduzindo a pobreza. Ele foi reeleito em 2009
e em 2013, mas também foi criticado por sua política personalista e populista e
por avançar sobre as instituições e a imprensa.

Correa diz que vai voltar à Bélgica quando deixar o cargo:
sua mulher é belga e dois de seus três filhos vivem na Europa. Seu candidato, o
psicólogo cadeirante Lenin Moreno, promete continuar a Revolução Cidadã de
Correa, de quem foi vice nos primeiros dois mandatos. Considerado um
conciliador, ele teria mais facilidade que seus padrinho politico para negociar
com a oposição no Congresso. Mas o Equador que o próximo presidente herdará
enfrenta uma recessão, agravada pelo fim da bonança petroleira e pelos elevados
gastos com a reconstrução, depois do terremoto de abril de 2016.

O fim de uma década de crescimento econômico favoreceu o
ex-banqueiro Guillermo Lasso, que disputou as eleições presidenciais de 2013 e
perdeu para Correa no primeiro turno. Nesse domingo, ele comemorou
antecipadamente o que considera ser uma vitória certa no segundo turno: Lasso
já assegurou os votos conservadores da terceira colocada, Cynthia Viteri, e
convocou os demais partidos da oposição para “uma mesa de governabilidade”.

Paraísos fiscais

Um problema que Guillermo Lasso pode enfrentar, se for
eleito, é o resultado do referendo sobre paraísos fiscais, que foi realizado
ontem, juntamente com o primeiro turno das eleições presidenciais. Dados
oficiais divulgados na madrugada de hoje indicam que ganha o “sim” a proposta
de Correa de proibir pessoas, com dinheiro ou bens em paraísos fiscais, de
ocupar cargo público.

Se a vitória do “sim” for confirmada, políticos e
funcionários públicos com investimentos em paraísos fiscais terão um ano para
repatriá-los antes de serem obrigados a deixar o cargo. Lasso admitiu estar
entre esses investidores que, segundo o governo, são responsáveis pela saída de
US$ 30 bilhões. Ele também acusou Correa de adotar regras que dificultam a
realização de investimentos no Equador.

Foto: Reprodução (R7) 

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