Polícia Venezuela dispersa manifestação em Caracas

Durante os protestos contra o governo na capital do país, uma pessoa foi baleada

Postado em: 20-04-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Durante os protestos contra o governo na capital do país, uma pessoa foi baleada

A polícia dispersou ontem (19) com gás lacrimogêneo uma das manifestações de opositores ao governo de Nicolás Maduro, no centro de Caracas. O protesto pretendia chegar à sede da Defensoria do Povo. Em outra manifestação contrária ao governo uma pessoa foi baleada. As informações são da Agência EFE.

Membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) dispersaram a concentração opositora na zona de Paraiso quando tentavam marchar para o centro, o que ocasionou o enfrentamento com alguns manifestantes, que responderam lançando pedras contra os agentes.

“Denunciamos um manifestante ferido de bala na Praça La Estrella de San Bernardino. #UnidosContraElGolpe”, afirmou em sua conta no Twitter o deputado Jorge Millán, em referência aos fatos ocorridos em outra zona do centro da cidade, dos quais não foram revelados detalhes, nem os autores do disparo.

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Vários meios locais informaram que o ferido é um jovem de 19 anos, chamado Carlos José Moreno, que está sendo atendido no Hospital das Clínicas Caracas, centro privado de saúde próximo do local em que ocorreu o fato. Em sua conta no Twitter, a aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) afirmou que, apesar da “repressão” em Paraiso, os cidadãos continuaram marchando.

Do local da marcha, que partiu da avenida El Libertador de Caracas, o deputado Henry Ramos Allup e o governador do estado de Lara, Henri Falcón, tentaram dialogar com funcionários da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) para que permitissem a passagem do protesto do leste ao oeste da cidade.

“Quer dizer que a oposição só pode se manifestar no leste? Isso não pode ser porque, por exemplo, eu sou deputado por Caracas e eu tenho direito a me manifestar em Caracas”, disse Ramos Allup aos agentes da PNB. O deputado indicou posteriormente aos jornalistas que explicou a um agente que sua intenção era entregar um comunicado perante a Defensoria do Povo.

“O oficial nos disse que um representante da Defensoria viria para onde estamos”, acrescentou o deputado, apontando que isto “não é suficiente” porque os venezuelanos têm direito a circular por todo o país.

Crise

Ontem, a Venezuela é palco manifestações a favor e contra o governo de Nicolás Maduro. Oposição e situação prometem ser a maior mobilização dos últimos tempos. Desde cedo, milhares de venezuelanos – convocados pelo governo – saíram as ruas da capital para comemorar os 207 anos do primeiro grito de independência contra o império espanhol. Vestidos de vermelho, eles protestam “em defesa da paz e da soberania”. Ao mesmo tempo, outras multidões – convocadas pela oposição – marcharam para denunciar o “golpe” do presidente Maduro.

As manifestações ocorrem em um momento de incerteza no país, com diversos protestos antigovernamentais que deixaram ao menos seis mortos – entre eles um agente policial – dezenas de feridos e mais de 500 detidos, dos quais mais de 200 estão privados de liberdade, segundo balanços da oposição e da ONG Fórum Penal Venezuelano.

Na véspera dos protestos, Maduro convocou os militares, as forças de segurança e também as milícias civis armadas para protegê-lo contra um suposto golpe de Estado que, segundo ele, estaria sendo tramado pelos Estados Unidos com o apoio de seus adversários.

O anúncio de Maduro repercutiu na vizinha Colômbia, que tem uma fronteira de 2,2 mil quilômetros com a Venezuela. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que alertaria a Organizaçao das Nações Unidas (ONU) para a “preocupante militarização da sociedade venezuelana”.  

Ele pediu à chanceler colombiana, Maria Angela Holguin, que está em Nova York, para tratar do tema nesta quarta-feira com as autoridades da ONU.

A Venezuela enfrenta atualmente uma séria crise econômica, marcada por uma inflação anual de 700% e escassez de medicamentos e alimentos. O país também está cada vez mais isolado internacionalmente e o governo é acusado de violar a ordem democrática.

A crise humanitária fez com que, entre 2014 e 2016, o número de venezuelanos que ingressam e permanecem no Brasil anualmente tenha aumentado mais de cinco vezes. O último levantamento da organização não-governamental Human Rights Watch, divulgado na terça-feira (18), mostra que mais de 12 mil venezuelanos ingressaram e permaneceram no Brasil desde 2014. 

Colômbia denuncia militarização da sociedade venezuelana 

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pediu à chanceler María Ángela Holguín que leve, ontem (19), à Organização das Nações Unidas (ONU) a preocupação de seu governo com a “militarização da sociedade venezuelana”, anunciada pelo presidente Nicolás Maduro. A informação é da Agência EFE.

“Solicitei à chanceler que peça hoje ao secretário-geral da ONU [António Guterres] atenção com a preocupante militarização da sociedade venezuelana”, escreveu o chefe de Estado em seu Twitter.

María Ángela Holguín viajou anteontem (18) para Nova York, onde se reúniu com representantes das Nações Unidas, para apresentar os avanços da missão do organismo internacional na aplicação do acordo de paz firmado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

A Colômbia e a Venezuela compartilham uma fronteira terrestre de 2.219 quilômetros e, por isso, a crise do país vizinho é seguida com atenção pelas autoridades de Bogotá.

Em mensagem publicada na última terça-feira (18), Santos manifestou “séria preocupação” com o anúncio do presidente Maduro sobre um plano para aumentar os membros da Milícia Bolivariana.

Maduro disse na segunda-feira passada (17), em Caracas, que aprovou um plano com o objetivo de expandir para 500 mil os membros da Milícia Bolivariana, armados com fuzis, a fim de que se desdobrem em todas as áreas de defesa integral do país. (Agência Brasil)  

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