Universidade dos EUA aprova uso de cachorros em terapia intensiva

"Dar-lhes menos remédios e confiar mais nas intervenções não farmacológicas, como a musicoterapia, o tratamento de relaxamento e o tratamento com animais", disse um especialista

Postado em: 13-02-2018 às 10h15
Por: Márcio Souza
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"Dar-lhes menos remédios e confiar mais nas intervenções não farmacológicas, como a musicoterapia, o tratamento de relaxamento e o tratamento com animais", disse um especialista

Introduzir cães adestrados com fins terapêuticos nas
unidades de tratamento intensivo (UTIs) dos hospitais pode aliviar o dano
físico e emocional dos pacientes de uma maneira substancial e segura, segundo
especialistas médicos da Johns Hopkins University.

Em artigo publicado na revista Critical Care, os
especialistas defendem a conveniência do uso desses cachorros não somente para
ajudar pacientes cujo estado não tem gravidade, à luz dos resultados de um
programa piloto desenvolvido em 2017 na UTI do hospital da Johns Hopkins, em
Baltimore (Maryland).

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Também recomendam a outros hospitais testar estas
“intervenções não farmacológicas”.

Dale Needham, professor de Medicina e de Reabilitação e
Medicina Física na Faculdade de Medicina da Johns Hopkins University, ressaltou
que um animal de estimação pode ajudar pessoasninternadas na UTI a se tornarem ativas e a se comprometerem
com o objetivo de conseguir sua própria recuperação o mais rápido possível.

O especialista considera que para os pacientes da UTI seria
preciso “dar-lhes menos remédios e confiar mais nas intervenções não
farmacológicas, como a musicoterapia, o tratamento de relaxamento e o
tratamento com animais”.

Os respiradores, os tubos, cateteres e outros dispositivos
tecnológicos que costumam ser colocados nos internados na UTI os
“desumanizam” e “desmoralizam”, e a isso se acrescenta o
fato de que costumam estarem sedados e prostrados na cama, o que lhes pode
causar fraqueza muscular, confusão mental, depressão, ansiedade e estresse
pós-traumático, afirmou Needham.

Os estudos mostram que até 80% dos pacientes de UTI sofre de
delírios, confusão e às vezes alucinações enquanto estão internados e
igualmente cada vez há mais evidências de que esses problemas se reduzem em
pacientes mais ativos e menos medicados.

Por isso, depois de conhecer os resultados positivos
conseguidos com a terapia canina na unidade de reabilitação do hospital, se
decidiu adaptar o protocolo para testá-la na UTI.

Os dez pacientes da UTI que receberam visitas destes cães em
2017 tinham idades entre 20 e 80 anos e diagnósticos variados.

Cada um destes pacientes recebeu pelo menos uma visita de 20
a 30 minutos durante a sua permanência na unidade e em alguns casos essa visita
incluiu a presença de um terapeuta físico ou ocupacional.

“Os dados mostram a partir de uma perspectiva
psicológica que os cães podem ajudar os pacientes, por exemplo, dando-lhes um
motivo para ser mais ativos”, disse Megan Hosey, professora adjunta de
reabilitação e medicina física.

Protocolo

O protocolo elaborado por Needham, Hosey e outros
especialistas estabelece que, para poder receber as visitas dos cães, os
pacientes devem estar conscientes e o suficientemente alertas para se
relacionar com o animal, não ter risco de infecções e obviamente estar interessados
nessa visita.

Quanto aos cães, devem estar registrados no programa Pet
Partners, que assegura que tantos os animais como os que cuidam deles estão em
dia na preparação necessária.

Tendo em vista a resposta positiva dos pacientes, a equipe
planeja medir em futuras experiências se a terapia canina produz mudanças na
dor, na capacidade respiratória e no estado de ânimo.

“Assim que um cachorro entra no quarto à espera de que
lhe dê uma palmadinha ou uma guloseima, é difícil o paciente não resistir e se
envolver”, contou Hosey.

Às vezes basta o cão se sentar perto da cama, porque
constitui uma presença que acalma e carinhosa, aparecendo para melhorar o ânimo
e aliviar a dor, acrescentou a professora.

Hosey disse que, à luz dos resultados na Johns Hopkins,
outras unidades de tratamento intensivo e outros departamentos nos hospitais
deveriam considerar as intervenções não farmacológicas e associar-se com
organizações como Pet Partners e Assistance Dogs International que certificam
os animais.

Também deveriam se centrar em pacientes com probabilidades
de sucesso e melhoria, não nos que sofrem delírio ou doenças contagiosas.

A terapia com animais é “uma ferramenta num conjunto
voltado a tratar a alma e não só o corpo do paciente”, segundo o artigo
assinado também por Janice Jaskulski e Stephen Wegener, da Johns Hopkins, e
Linda Chlan, da Clínica Mayo.

 Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução

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