Vítimas de tiroteio podem processar fábrica de armas

Decisão da Suprema Corte de Connecticut vai ajudar as famílias a contornar lei que protege indústria de armas

Postado em: 15-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Decisão da Suprema Corte de Connecticut vai ajudar as famílias a contornar lei que protege indústria de armas

Familiares de 9 das 27 vítimas e uma professora sobrevivente do massacre na escola primária Sandy Hook, que aconteceu em 14 de dezembro de 2012, ganharam na Justiça norte-americana a chance de processar os fabricantes do fuzil AR-15 usado no tiroteio.

A Suprema Corte do estado de Connecticut divulgou nesta quinta-feira (14) que, por 4 votos a 3, o entendimento do órgão é que os parentes têm o direito de processar a Remington, que fabricou o fuzil Bushmaster AR-15 que Adam Lanza utilizou para matar sua mãe e outras 26 pessoas, incluindo 20 crianças com idades entre 6 e 7 anos.

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A decisão desta quinta ajudará as famílias a contornar uma lei federal de 2005, que basicamente protege toda a indústria de armas contra processos semelhantes. Dessa forma, a Remington, que pediu concordata no ano passado, será processada pela maneira como anunciava a arma.

Glorificação da violência

Segundo a ação formulada pelos advogados das famílias, as campanhas publicitárias da fabricante “glorificavam” violência e batalhas e apelava para slogans como “considere sua licença para ser homem renovada”.

Na decisão, os juízes definiram que “ficará a cargo de um júri decidir se os esquemas promocionais citados no processo chegam ao nível de práticas de venda ilegais e se parte da responsabilidade pela tragédia pode ser colocada na empresa”.

Os familiares das vítimas comemoraram a decisão. “Estou muito agradecida. Ninguém deve ter imunidade garantida, tem de haver consequências. Queremos ir ao tribunal e descobrir porque eles fizeram as coisas dessa forma e o que precisa ser mudado”, disse Nicole Hockley, que perdeu o filho Dylan, de 8 anos, na tragédia.

“A Remington nunca conheceu Adam Lanza, mas o cortejou por anos”, disse Joshua Koskff, um dos advogados da família, explicando como a empresa apelava para públicos como o atirador: homens jovens, fanáticos por armas.

O fuzil foi comprado legalmente por Nancy Lanza, mãe de Adam. Ela foi a primeira vítima do filho no dia do massacre e morreu baleada em casa. Ele se matou após assassinar as 20 crianças e seis funcionárias da escola Sandy Hook.

 

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