Secretário da Igualdade defende mais políticas públicas para negros no país

Conforme o número de desempregados no Brasil, 63,7% são de negros e pardos. Para a classe alta, 1% da população rica do Brasil, apenas 2 em cada 10 tem a pele negra

Postado em: 20-11-2017 às 13h10
Por: Márcio Souza
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Conforme o número de desempregados no Brasil, 63,7% são de negros e pardos. Para a classe alta, 1% da população rica do Brasil, apenas 2 em cada 10 tem a pele negra

O secretário de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Juvenal Araújo, disse hoje (20)  que “precisamos cada vez mais de
políticas públicas e da responsabilização dos gestores. Só venceremos essa barreira
histórica  de desigualdade por meio das
políticas públicas”. O secretário 
participou do programa Por Dentro Do Governo, transmitido pela TV NBR,
data em que se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil.

Durante a entrevista, o
secretário respondeu perguntas sobre temas como preconceito racial, cotas,
intolerância religiosa.  Araújo falou
ainda sobre a diferença que existe entre brancos e negros no Brasil: ” O povo
negro se mobiliza há muito tempo no Brasil. Zumbi [dos Palmares] é um bom
exemplo disso”.

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Com relação à intolerância religiosa,
o secretário falou sobre o preconceito para com as religiões de matriz
africana. “Hoje temos a Lei Nº 10.639 que determina que as escolas lecionem
história da África e a história afro-brasileira, o que não vem sendo cumprido.
Os professores defendem outra fé, se negam a cumprir a lei. Além disso,  existe demonização das religiões de matriz
africana. Não queremos ser tolerados, queremos o respeito da população!”,
disse.

Mesmo que o Brasil seja formado
por uma população miscigenada, e, segundo a Constituição, com direitos iguais,
os dados mostram que a realidade está distante deste ideal. De acordo com
números do Atlas da Violência de 2017, de cada 100 pessoas assassinadas no
país, 70 são negras, 61,6% da população carceraria é constituída por pessoas de
pele escura. Com relação ao número de desempregados, 63,7% são de negros e
pardos. Para a classe alta, 1% da população rica do Brasil, apenas 2 em cada 10
tem a pele negra.

No caso das mulheres, as negras
são vítimas em 58,8% dos casos de violência doméstica. Além disso, o
analfabetismo é o dobro, em comparação com as mulheres brancas. Apenas 27%
tiveram acompanhamento durante o parto. A estimativa sobe para 46,2% quando se
trata das mulheres de pele clara, segundo o Ministério da Saúde. No mercado de trabalho,
o cenário não é diferente. Segundo o Programa Nacional de Pesquisas Contínuas
(PNAD), diante de mulheres brancas com a mesma instrução, na média salarial, as
negras recebem 27% a menos.

“A palavra ‘miscigenação’ é usada
para falar de democracia. Mas não existe isso no Brasil. A igualdade de
oportunidades não existe entre negros e brancos no nosso país. Somos separados
pela cor da nossa pele”, explicou Juvenal Araújo.

Para o secretário, além de todos
esses problemas, a politicas para cotas vem sendo atacada com descriminação e
as tentativas de fraudes na tentativa do ingresso à universidade. “As cotas
raciais no Brasil são muito importantes, porque mostrou suas necessidades e
eficiência. Hoje temos muito mais negros no ensino superior. As universidades
federais devem criar mecanismos de verificação para coibir a tentativa de
fraudes com relação a pessoas que se dizem negras, mas que de fato não são”,
disse. 

Fonte: Agência Brasil. Foto: José Cruz/Agb

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