Marconi diz que nomeação de Lula complica Planalto
Para governador, diálogo entre a presidente Dilma e o ex-presidente, registrado pela PF, é gravíssimo e leva a crise para dentro do governo federal
Sara Queiroz
Em entrevista coletiva a rádios da região sul do Estado, na manhã de ontem, no Palácio das Esmeraldas, o governador Marconi Perillo (PSDB) afirmou que a delação do senador Delcídio do Amaral (sem partido) provou que a CPI do caso Cachoeira, instaurada em 2012, foi realizada apenas como perseguição política ao seu governo. Para Marconi, as gravações divulgadas pela Polícia Federal, que mostram conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a presidente Dilma Rousseff e com outros aliados, são “gravíssimas”, e a nomeação do ex-presidente para a Casa Civil leva a Operação Lava-Jato para dentro do Governo Federal.
Dilma e Lula caíram em um grampo telefônico na Operação Aletheia, que teve como alvo principal o ex-presidente. Na ligação, a presidente informa que estaria enviando a ele, em São Paulo, um termo de posse para Lula, por meio de Jorge Messias, subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil.
Para os investigadores da Lava Jato, o diálogo foi interpretado como tentativa de Dilma de evitar uma eventual prisão de Lula. No caso de um mandado do juiz, o ex-presidente apresentaria o documento para evitar a sua prisão e, consequentemente, teria foro privilegiado, conforme entendimento da PF.
Marconi voltou a comentar sobre a CPI, em que ele diz ter sido o alvo principal, por empenho de Lula. “Eu sabia desde o início que aquela CPI foi feita para me perseguir e tentar me desmoralizar no Governo passado”, afirmou. “Sempre disse que era uma perseguição política, e muita gente duvidou”, disse.
Para o governador, a delação do ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (que pediu desfiliação do PT), só prova que essas pessoas “fizeram tudo para me destruir politicamente”. Ele comentou ter passado por momentos de dificuldades e tristeza, enquanto alvo da CPI, e que “conseguiu dar a volta por cima ao ser absolvido pelo Conselho Superior do Ministério Público”.
Marconi Perillo também declarou que sempre teve um bom relacionamento com a presidentesDilma, com quem manteve uma relação institucional, para que os goianos não sofressem consequências de “pecuínhas políticas”. Frisou que sempre trabalhou para somar forças em favor de Goiás.
A nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil, para o governador, é um equívoco. “Ela (Dilma Roussefs) levou a Operação Lava Jato para dentro do Planalto e, evidentemente, irá ter muita dificuldade, por conta disso”, analisou. Mesmo diante de cenário de crise, ele disse esperar que o governo Dilma consiga “sair dessa dificuldade que estão enfrentando agora por conta dessa nomeação”.
Situação de rodovias vai melhorar com investimentos
Na entrevista, o governador também destacou as ações administrativas que estão sendo desenvolvidas na região sul, enfatizando que quer chegar ao final do ano com a recuperação das rodovias muito bem encaminhada.
Também pediu a confiança da sociedade para solucionar o problema da área da Saúde, e quer a mesma anuência na Educação por ter certeza que vai conseguir melhorá-la.
Sobre pavimentação, ele disse que autorizou R$ 212 milhões para manutenção e conserva dos 21 mil quilômetros de rodovias pavimentadas e não pavimentadas. Cerca de 1 mil quilômetros precisam ser reconstruídos. “Nós estamos entrando em todas as outras rodovias. É claro que a gente não consegue entrar em todas de uma vez, mas nós estamos pagando regularmente as empresas e a ordem é que elas entrem em todos os trechos onde haja necessidade de roçagem das laterais, de tapa-buraco ou de reconstrução de trechos, bueiros, enfim”.
Marconi garantiu que o programa de manutenção vai melhorar demais a situação. “Agora, têm alguns trechos que, como já disse, não adianta remendo. É preciso fazer de novo. Nós já estamos nos preparando para começar logo isso. Nós temos hoje 80% de rodovias em bom estado de conservação”.
Ele informou que 2 mil quilômetros já estão licitados e estão no pacote do Rodovida Construção 3. “Nós tínhamos feitos já o Rodovida I e II, que significaram em 5 mil quilômetros reconstruídos. Não tivemos recurso ano passado para fazer o Rodovida III. Mas teremos os recursos agora no ano de 2016”, aposta.
“Tão logo esses recursos sejam disponibilizados, nós vamos dar ordem de serviço para as empresas entrarem nesses trechos ruins e resolverem definitivamente o problema”, adiantou. “Mas essas estradas não dependem mais de tapa-buraco. Muitas delas precisam arrancar o asfalto velho e fazer de novo. Não vou autorizar nada antes de ter o dinheiro. Estamos viabilizando recursos para entrarmos e chegarmos no final do ano com essa em direcionada”.