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terça-feira, 26 de novembro de 2024
impeachment

PP vai punir quem votar pelo impeachment

Senador e presidente da sigla, Ciro Nogueira diz que objetivo é evitar negociações individuais

Postado em 15 de abril de 2016 por Sheyla Sousa
PP vai punir quem votar pelo impeachment
Senador e presidente da sigla

Dois dias após anunciar o desembarque do PP do governo e o apoio do partido ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), deverá fechar questão sobre o tema, com punição para aqueles que desrespeitarem a ordem. A decisão é uma retaliação às negociações individuais que deputados do partido fizeram para dar seus votos contrários ao impeachment em troca de cargos no governo. De Goiás, fazem parte da bancada Sandes Júnior e Roberto Balestra

O que mais irritou a cúpula do PP foi o fato de o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), junto a deputados da Bahia, como Roberto Britto (BA) e Ronaldo Carletto (BA), e do mineiro Luiz Fernando Faria, que já declarou voto a favor do impeachment, terem indicado José Rodrigues Pinheiro Dória para o Ministério da Integração no lugar de Gilberto Occhi, que entregou sua carta de demissão um dia após o partido ter anunciado o rompimento com o governo.

O grupo esteve na quarta-feira no Palácio do Planalto negociando com o governo e acertou que Dória seria nomeado ministro interinamente.

“Eles passaram dos limites. É uma afronta indicar ministro um dia depois de o partido ter desembarcado. A partir de agora, quem não seguir a orientação da Executiva, vai sofrer punições. Vai ter intervenção no estado e até expulsão”, afirmou um interlocutor de Ciro Nogueira.

Após ser avisado da decisão da Executiva, no entanto, José Pinheiro Dória, que é secretário de Irrigação do Ministério da Integração ligado à ala governista do PP e que assumiria a pasta como ministro interino, declinou do convite nesta quinta-feira.

Ele explicou, em uma carta à presidente Dilma Rousseff, que não poderá aceitar o posto por conta da decisão tomada pelo partido, que decidiu sair da base de sustentação do governo.

“Agradeço a confiança e a lembrança de meu nome”, escreveu Dória, mas “declino da indicação em função de decisão tomada pela bancada do Partido Progressista na Câmara dos Deputados”.

Eduardo da Fonte alega fazer parte de um grupo de cerca de 14 deputados que fechará uma decisão conjunta sobre o impeachment, a ser anunciada somente nesta sexta-feira. Ele, no entanto, disse que a decisão da Executiva de fechar questão com possibilidade de punição é um fato que será levado em conta na decisão.

“O fato do partido fechar questão é relevante e o grupo vai ter que avaliar. Mas não posso garantir o voto de ninguém”, disse.

Ciro Nogueira contabilizava quarta-feira ter 42 dos 47 votos dos deputados do partido a favor do impeachment. O senador apoiava a presidente Dilma e resistiu em mudar de lado. Só depois que a bancada na Câmara tomou a decisão majoritária ele decidiu segui-la, após ter conversado com o vice-presidente Michel Temer sobre a participação do PP em um eventual governo peemedebista.

Os presidentes do PTN, PHS, PEN, PSL e PROS anunciaram nesta quinta-feira que seus partidos são amplamente favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Pelos cálculos da vice-presidente do PTN, deputada Renata Abreu (SP), 26 dos 30 parlamentares votarão pelo afastamento da presidente.

Abreu não nominou os deputados favoráveis, contrários e ainda indecisos, o que causou irritação do líder do partido na Câmara, Aluísio Mendes (MA). Segundo ele, há uma tentativa de criar um clima de “já ganhou” na oposição:

– Se está tão consolidado como a oposição diz, por que a busca forte por criar fatos e anunciar fechamento com a posição pró-impeachment? No PTN, a bancada está dividida. Temos cinco votos contra o impeachment, seis a favor e dois indefinidos – garante Mendes.

Segundo ele, também nas outras bancadas nanicas (PROS, PEN, PHS, PSL), há divisão, com deputados a favor e contra o impeachment. A presidente nacional do PTN, Renata Abreu é a favor do impeachment desde o início.

O PROS, com cinco deputados, negociou apoio a Dilma na semana passada em troca da presidência do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDES). No entanto, o partido está rachado.

Também nesta quinta-feira, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), disse que cerca de 90% dos deputados da bancada são favoráveis ao impeachment, em posição divergente da sua, e que por isso o encaminhamento do partido na votação de domingo será favorável ao impedimento. A bancada se reuniu para debater o tema e, segundo Picciani, 45 dos 67 deputados participaram do encontro. O líder acrescentou ainda que não haverá sanção para os que, como ele, votarem contra o impeachment. (AG) 

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