Senado vota impeachment; Dilma acompanhou sessão
A votação, no placar eletrônico do plenário, se estendeu pela madrugada desta quinta-feira
Asessão extraordinária do Senado para decidir sobre a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, aberta pelo presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) começou às 10 horas, com uma hora de atraso. Conforme previamente estabelecido, na primeira fase os oradores inscritos, contra e a favor do parecer da Comissão Especial do Impeachment, falaram alternadamente por até 15 minutos cada um e apenas uma vez. Não foi permitida orientação da bancada pelos líderes e também não serão permitidos apartes.
Até o início da sessão, 68 dos 81 senadores já haviam se inscritos para usar a palavra. A primeira a discursar foi a senadora Ana Amélia (PP-RS), favorável ao impedimento de Dilma.
A ideia de Renan foi dividir o dia em três sessões: das 9h às 12h; das 13h às 18h; e das 19h até o término da votação, que pode entrar pela madrugada. Para evitar que os senadores excedessem o tempo de fala, Renan advertiu os parlamentares que os microfones das duas tribunas serão automaticamente desligados ao final dos 15 minutos.
Depois que todos os senadores inscritos se pronunciaram, o relator da Comissão Especial do Impeachment, Antonio Anastasia (PSDB-MG), usou a palavra por 15 minutos. Em seguida, falou o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que defendeu Dilma, pelo mesmo tempo.
A etapa seguinte veio a votação pelo painel eletrônico com voto aberto dos senadores, com a proclamação do resultado por Renan Calheiros. A notificação da presidente ficaria a cargo pelo primeiro-secretário do Senado, senador Vicentinho Alves (PR-TO), do afastamento por 180 dias.
Pronunciamento
A presidente Dilma Rousseff havia decidido ontem à noite que deixaria o Palácio do Planalto, em caso de afastamento pelo Senado, com um ato político para denunciar o que considera um golpe contra seu governo. A notificação sobre a decisão dos senadores deve chegar à presidenta hoje.
O Planalto prepara uma cerimônia no gabinete presidencial, no terceiro andar do prédio, onde Dilma receberá o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, autoridades e personalidades aliadas para assinar a notificação, que será entregue pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, senador Vicentinho Alves (PR-TO). Do lado de fora do palácio, há previsão de manifestação de movimentos sociais.
Pelo protocolo, antes de deixar a sede do Executivo, seu local de trabalho desde janeiro de 2011, quando assumiu seu primeiro mandato, Dilma fará uma declaração à imprensa, prevista para as 10 horas. No mesmo horário, um vídeo gravado pela presidenta seria divulgado nas redes sociais da Presidência da República.
Em seguida, Dilma sairá do Palácio do Planalto pela porta principal do prédio, no térreo, sem usar a rampa. Fora do edifício, a presidente fará um discurso em que se dirá vítima e injustiçada, como tem feito nas últimas semanas. Neste momento, Dilma poderá se aproximar das grades que cercam o prédio para ser acolhida e abraçada pelos manifestantes que forem ao local prestar apoio a ela. (ABr)