Jovair lança candidatura e promete novos rumos
Deputado quer, caso eleito, resgatar o protagonismo da Câmara dos Deputados e mudar a visão que a sociedade tem da Casa
MARDEM COSTA JR.
Odeputado federal Jovair Arantes (PTB) lançou oficialmente sua candidatura na tarde de ontem, em evento que contou com a presença de várias lideranças políticas nacionais e goianas.
A presença de Rogério Rosso (PSD-DF), concorrente direto de Jovair, surpreendeu os presentes ao evento. A aparição foi classificada pelo petebistacomo um “ato de desprendimento”. Rosso admitiu a possibilidade de composição com o petebista. “Em política, as coisas são como nuvens”, diz. O candango, segundo os bastidores, pode sair da disputa por falta de apoiadores.
Arantes iniciou o discurso de lançamento defendendo o trabalho os deputados, que estariam sendo vítimas de uma visão negativa por parte da sociedade e do Judiciário, em decorrência das investigações da Operação Lava-Jato. “A grande maioria dos deputados são honrados, importantes no processo de construção democrática”, pontua.
Jovair, também líder do PTB, criticou o agachamento da Câmara, conforme disse ontem a O HOJE. “Nós não podemos ter uma Casa tutelada pela Justiça, olhada de cara feia pela sociedade, como tem acontecido. Essa Casa é a mais alta representação da República e da democracia brasileira e precisa ter alguém que assuma o comando e possa fazer as mudanças necessárias, e são muitas”, enfatiza.
O petebista salientou ainda a necessidade de dar transparência à administração da Câmara. “A sociedade precisa saber o que está acontecendo aqui”. Caso eleito, Arantes promete se empenhar para colocar em votação as matérias de interesse do governo Temer, no entanto sem garantir que serão aprovadas.
“Quem vota é o deputado e a eles cabe decidir se o projeto é bom ou ruim para sua comunidade e ao País”, finaliza.
Plataforma
Jovair Arantes listou oito propostas em sua plataforma de campanha em panfltos e vídeos destinados aos deputados, tendo como destaque o resgate do protagonismo da casa legislativa, a revisão do regimento interno do órgão e a não realização de sessões de votação durante a madrugada.
O petebista conta com o apoio explícito apenas do seu partido e articula-se para angariar votos entre os deputados descontentes com Maia e com o governo de Michel Temer (PMDB).
Baixo Clero
Os parlamentares do baixo clero, que possuem pouca ou nenhuma relevância, são considerados fundamentais para a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados.
Para conquistá-los, Jovair, Rosso e o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), devem viajar pelo país em busca de apoios que lhes garantam o total de 257 votos necessários para a disputa, preferencialmente ainda em primeiro turno.
Estima-se que pelo menos 300 deputados sejam considerados de baixo clero. Muitos destes estão ligados ao Centrão, que reúne parlamentares de partidos considerados conservadores, como PP, PR, PTB, PSD e legendas nanicas.
O grupo foi articulado pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e foi fundamental para a vitória do peemedebista, cassado em outubro de 2016, considerado fundamental para a queda de Dilma Rousseff.
Maia, eleito para um mandato-tampão após a renúncia de Cunha, conta com um apoio discreto do Palácio do Planalto e das cúpulas do PSDB, DEM, PPS, PV e parte do PSB.
O democrata pode ter a candidatura suspensa, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue procedentes dois recursos de deputados que questionam sua postulação.
Efeito Severino
Nos bastidores os aliados de Arantes esperam repetir o “efeito Severino”, quando o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), conhecido como o “rei do baixo claro”, foi eleito em 2005. Cavalcanti derrotou Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) em segundo turno.
O petista contava com o apoio do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a eleição do pernambucano abriu umacrise política no governo Lula, contornada somente após a renúncia de Severino, sete meses depois da eleição.
Cavalcanti tinha uma plataforma claramente benéfica aos interesses dos deputados, como a melhoria da infraestrutura física da Câmara e a concessão de benefícios e aumentos salariais. Aliados de Maia enfatizam nos bastidores que Jovair seria um “novo Severino”.