Acusado de obstrução
de justiça por endossar o embaraçamento de investigações, o Ministério Público
Federal em Brasília denunciou o ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel
Vieira Lima. Geddel teria tentado impedir que o empresário Lúcio Funaro
tivesse colaborado por vontade própria com apurações oficiais.

Os procuradores da
República responsáveis pela acusação, Anselmo Henrique Cordeiro Lopes e Sara
Moreira de Souza Leite concluíram que Geddel, membro do alto escalão do governo
de Michel Temer, produziu o embaraçamento da apuração de uma organização
criminosa que agia no FGTS e na CAIXA.

Funaro teria
passado a colaborar espontaneamente com a apuração criminal, contando fatos
para desmantelar a organização, ao passo que Geddel interviu sem sucesso na
conduta do empresário buscando impedir que o empresário detalhasse a forma de
atuação do grupo. O ex-parlamentar também teria tentado barrar revelações sobre
quem teria distribuído propina por mais de um ano.

Funaro, que segue
preso há mais de um ano após ser denunciado pela operação Lava Jato, é apontado
como um dos braços direitos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, tal qual
de agir em um esquema de corrupção envolvendo políticos do PMDB.

Geddel teria
entrado em contato diversas vezes com a mulher de Funaro, Raquel Pitta, com o
objetivo de evitar que o empresário participasse ativamente das investigações.
As informações foram confirmadas após a quebra de sigilo telefônico.

Acredita-se que o ex-ministro deverá
ser denunciado mais uma vez, agora pelo crime de organização criminosa, na
própria Justiça Federal de Brasília. De forma semelhante, há um inquérito em
curso no Supremo Tribunal Federal que apura se há uma organização criminosa
ligada a integrantes do PMDB na Câmera.