Em São Bernardo do Campo, Lula discursa antes de se entregar à PF
Presidente agradeceu em discurso de cerca de 1h a apoiadores e fez duras críticas à imprensa parcial. Ainda não há horário definido para entrega em Curitiba
Guilherme Araujo*
Atualizado em 12h23
Atualizado em 14h46
Atualizado em 12h52
Antes de se entregar à Polícia Federal na manhã deste sábado (7), o ex-presidente Lula fez um pronunciamento de cerca de 1 hora para militantes e populares. Na ocasião, Lula que deverá seguir de São Bernardo do Campo para Curitiba para início do cumprimento da pena de 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, saudou pessoalmente um a um de seus apoiadores na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Estiveram presentes líderes de centrais sindicais e de partidos aliados ao PT, ex-ministros, e políticos das mais variadas patentes.
O ex-presidente ressaltou a importância que novos nomes na política assumem neste momento, como os candidatos à presidência da república, respectivamente pelo PCdoB e PSOL, Manuela D’Ávilla e Guilherme Boulos.
Visivelmente tranquilo e em tom saudoso, Lula citou ainda, sob um caminhão de som, nomes como o do ex-prefeito de São Paulo e um dos possíveis presidenciáveis pelo PT, Fernando Haddad; O ex-ministro das relações exteriores, Celso Amorim, a quem classificou como “o mais importante” desta área até os dias atuais; o deputado Ivan Valente (PSOL); a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffman; além de autoridades indígenas e de movimentos como o MST.
Em tom de crítica, Lula agradeceu ao apoio da amiga e também ex-presidente, Dilma Rousseff. Ele considerou que Dilma foi a pessoa que mais lhe rendeu tranqüilidade política para governar em seus dois mandatos e disse que a imprensa e parte da população foram injustos com Dilma.
“[Dilma] foi possivelmente a mais injustiçada das mulheres que ousaram fazer política nesse país. Acusada de não saber conversar, de não saber fazer política, mas quero ser testemunha de vocês. Serei profundamente grato e repartirei o meu sucesso na presidência com vossa excelência, independente com o que aconteceu”, disse.
Considerado um dia histórico para a política do país e com ampla repercussão na mídia internacional, o clima no local foi de manifestações pacíficas. Até as 12h, foi registrada a presença de 140 mil pessoas no local. Três delas precisaram ser socorridas por mal estar causado pelo calor. Lula afirmou que as classes econômicas mais baixas, a quem disse sempre ter tratado com responsabilidade, serão o tipo de povo que construirá a nova política do país.
Várias vezes, durante a fala do ex-presidente, apoiadores o interromperam com gritos de manifestação: “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.
Ele ainda acusou o Ministério Público de “antecipar” a morte da esposa, Marisa Letícia, que se estivesse viva completaria neste sábado (7) 68 anos. Lula questionou os mecanismos de funcionamento da política brasileira, citando o juiz Sérgio Moro e os meios de comunicação do país.
“Acredito numa justiça justa. Quando eu parar de sonhar, eu sonharei pelas cabeças de vocês. Nada acabará quando o Lula tiver um enfarte. Meu coração vai bater pelo coração de vocês. O Lula é uma ideia, junto com a ideia de vocês. A morte de um combatente não para a revolução”, finalizou.