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domingo, 22 de dezembro de 2024
Entrevista Fátima Gavioli

“Caiado quer despolitizar a secretaria”

A nossa conta não tem condições de manter as OS´s, pois infelizmente ela não ficam mais baratas

Postado em 15 de janeiro de 2019 por Sheyla Sousa
“Caiado quer despolitizar a secretaria”
A nossa conta não tem condições de manter as OS´s

Rubens Salomão e Venceslau Pimentel*

A secretária de Educação do Estado de Goiás, Fátima Gavioli disse que Ronaldo Caiado está rompendo positivamente com uma prática costumeira de gerir a máquina pública. “Somente um governo desprovido de vaidades ou de maldade poderia querer este tipo de contrato”, diz ao abordar que foi convidada a assumir a pasta por possuir os atributos técnicos necessários e que seu desafio será construir uma gestão próxima das escolas e da comunidade, além de otimizar os recursos financeiros. Para isso, vai  implantar reformas administrativas na secretaria através da análise de currículos e até mudar a sede da Educação para economizar. Gavioli defende o modelo de escolas militares, mas pondera a ampliação por depender da disponibilidade de pessoal da Secretaria de Segurança Pública. Fátima também desconsidera a gestão das escolas por Organizações Sociais, por compreender que encareceria a conta. (* Especial para O Hoje) 

Você gostaria de fazer em Goiás o que fez em Goiânia o trabalho muito próximo da secretaria com a comunidade e corpo da secretaria, qual a possibilidade de dar certo aqui dado o tamanho do estado?

É a Seduce itinerante, é atender no gabinete segunda, terça e quarta-feira até o meio-dia e a partir de meio-dia atender nas escolas e nos municípios. Eu já abri o meu gabinete no sábado das 09h às 14h para atendimentos externos para os pais, associações, professores, grupos de pessoas que precisam falar comigo. Então o sábado está aberto para isso. No sábado passado eu estava tendo um mutirão em Petrolina de Goiás. Estive lá na escola com prefeitos, presidente da câmara, vereadores, pais e alunos. Todo mundo ajudando no mutirão da escola, inclusive eu. Foi interessantíssimo, eu consegui ter um panorama da escola Santa Terezinha e do Colégio Santa Catarina (que é um colégio conveniado). Você consegue captar o que funciona, o que precisa mexer e consegue fechar parcerias com as prefeituras. Então na verdade a agenda itinerante já abriu, já fiz atendimentos aos sábados para agenda externa e também para os municípios.

Eu ainda estou trabalhando com convites. Me ligam dizendo que a escola está sendo pintada no padrão 2019, que é uma padronização do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FMDE), e eu faço a visita. E é muito bacana pois, os muros, portões e as cores da escola atendem um padrão que, segundo o FMDE, estimula o aluno e não é agressiva, o que é importante para o ambiente escolar. Torna um lugar agradável. Você convive nele mais tempo que em casa, as pessoas sentem uma fadiga.

Eu já tenho agenda para Trindade e Aparecida de Goiânia, Agora, eu publiquei [nas redes sociais] que iria visitar Petrolina e alguém comentou “só faltam 200 e tantos municípios”. Ora, se eu for olhar para isso a gente vai desistir. Mas existe um planejamento atender os municípios e pode ser que em alguns dias eu saia da sede da secretaria para atender nas escolas mesmo. Quando você leva o atendimento dentro da escola a gente acaba vendo e convivendo com diversas ações importantes.

Quando a senhora foi anunciada, surgiram muitas críticas por parte da imprensa, principalmente tratando-a como forasteira. Como a senhora tratou essas críticas?

Eu recebi como normal, o procedimento que Caiado aqui em Goiás, Zema em Minas e Eduardo Leite no Rio Grande do Sul adotaram, foi, através da análise de currículo e meritocracia. É um jeito diferente de trazer um funcionário para dentro da rede. Somente um governo desprovido de vaidades ou de maldade poderia querer este tipo de contrato. Trazer alguém pelo currículo e não pela indicação, essa mudança de hábitos de comportamentos dos políticos gera um desconforto muito grande. Eu comentava agora que todo mundo votou pela mudança, mas quando ela começa, as pessoas assustam. A parte política saiu de dentro da secretaria da educação e foi dado o passo pelo governador aqui. Espero que em breve vocês possam me considerar como uma profissional amiga que veio pra ajudar no que precisa para melhorar a educação de Goiás

Você chega em um momento que se encerra um ciclo de 20 anos de um poder político administrativo. Como a senhora encontrou e como planeja romper com esse modelo na educação em Goiás?

Contratar as pessoas é um ato sublime, maravilhoso que te coloca lá no pedestal. Exonerar já é uma situação muito difícil. Eu encontrei todos os cargos comissionados exonerados, o ex-governador já o fez e agora eu estou montando a caixinha. Claro que o primeiro critério é o currículo técnico. Nos foi dado 100 dias para trabalhar nisso. E em 100 dias nós temos nossas metas: organizar, modular dentro dos critérios de 2019, se for preciso tomar algumas medidas que, aos olhos da população não for bem vistas, teremos que fazer pois o princípio da economia vai prevalecer. Ou a gente faz isso em Goiás ou a gente corre um sério risco de se transformar em um estado que se chegou a uma calamidade geral como em Minas Gerais. Por exemplo, eu gostaria muito de ficar onde estou (na atual sede da secretaria), mas eu não tenho dinheiro para pagar o aluguel. E pra onde eu irei? Tenho que ir para um espaço nosso e consiga remanejar os alunos ali de dentro para outro espaço. Em 60 ou 90 dias, vamos estar mudando para um prédio público da educação para economizar aproximadamente R$ 500 mil por mês. Não é uma medida bem vista, o professor e aluno dessa escola não querem saber se eu estou me mudando para economizar R$ 500 mil por mês. Estou dando um novo sentido para o serviço público. Precisamos reordenar a rede, prefeitos com a educação infantil, junto com os prefeitos até o 9º e o ensino médio que é nossa responsabilidade. Na hora que você vai reordenar, você meche com gente, meche com a história. Eu ouço falar assim “Aquela escola é tão linda, representa tanto para a cidade e está dentro do contexto histórico do município”. E eu sei que é importante, mas eu queria dizer que o prédio não vai sair do lugar. Você pode utilizar o prédio para uma escola municipal, pode utilizá-lo para abrir uma casa de apoio as mulheres e crianças, o prédio vai continuar lá. Mas se lá dentro tem 72 alunos e 28 trabalhadores como eu vou manter esse prédio aberto? Façam as contas, administrar dói.

A secretaria vai mudar de lugar?

Sim, esse é o reordenamento. Está previsto na constituição e nos deu 10 anos, até 2006. Dentre eles, Pernambuco que hoje é o primeiro lugar no ensino médio no país. Como em grande parte os estados não fizeram o reordenamento, eles estenderam o prazo por mais 10 anos, até 2016. Até 2016, a secretaria de educação trabalhou fortemente para fazer esse reordenamento na rede. Mas os fatores políticos acabaram interferindo. Como o governador tem uma visão de despolitizar a secretaria, eu estou conseguindo fazer o reordenamento com base nas propostas, metas e, principalmente, com base na organização do sistema.

Como a senhora vai lidar com as escolas militares?

Com relação as escolas militares, são escolas exemplares e fantásticas, eu sou a favor de escola, de todas. Agora, o secretário de segurança fez um levantamento que estão na ativa mas que estão atuando dentro das escolas. Como ele fez esse levantamento e precisa colocar o policial na rua, ele vai dar um ‘stand-by’ até ele terminar esse estudo. A partir daí, ele vai me encaminhar esse documento e nós vamos dar seguimento para a implantação de novas escolas militares. Agora, eu não vou seguir implantar escola militar sem os policias. Então eu dependo muito do comandante e do secretário de segurança pública. Mas eu acredito que assim que terminar esses estudos nós vamos voltar a ativar as escolas militares. Tem 42 escolas militares para a gente implantar nos próximos anos. 

Esse militares que agora forem chamados para a rua, qual a situação deles?

O modelo de escola militar foi criado para atender áreas de risco, evasão escolar, criminalidade e trabalhar com os policias que estavam na reserva. E isso em algum momento não foi possível. Entram agora também policiais que não estão na reserva. 

E o modelo de gestão pelas Organizações Sociais.

As OS por pura falta de condições financeiras, nós não conseguimos manter esse modelo. A nossa conta não tem condições de manter as OS´s, pois infelizmente ela não ficam mais baratas. Se ficasse mais barato poderíamos até levar em discussão. Eu já tive olhando os relatórios se ela ficar mais barata se o gerenciamento mais externo trouxer um resultado excepcional. O resultado no IDEB é o primeiro , o que prova que a rede tem condições de se manter em primeiro. Esse IDEB é da rede, e se ela está em primeiro lugar, embora esteja em 4,3 e a gente precise crescer muito, por que não dar a chance dela gerir sua própria sistemática e se manter em primeiro lugar.

Veja na íntegra a entrevista com a Secretária da Educação Fátima Gravioli:

 

 

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