E-mails da Pfizer, entregues a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, em caráter sigiloso mostram insistência da farmacêutica americana em negociar com o governo federal. Ao todo, foram 10 mensagens ignoradas pelo Ministério da Saúde em apenas um mês.

Segundo os documentos, obtidos pelo Jornal A Folha de S.Paulo, a primeira oferta da empresa foi formalizada em 14 de agosto, prevendo de 30 a 70 milhões de doses de imunizantes, e tinha validade até o dia 29 daquele mês.

Após o envio dos documentos, a Pfizer ainda mandou e-mails por três dias cobrando respostas ao governo federal. A farmacêutica também telefonou ao ministério da saúde.

“Desculpe, a ligação caiu e não consegui mais contato. Espero que esteja tudo bem com você! Só queria confirmar se vocês receberam ontem uma comunicação enviada em nome do presidente da Pfizer, Carlos Murillo, com a proposta atualizada de um possível fornecimento de vacinas de Covid-19. Você me avisa?”, escreveu Cristiane Santos, da Pfizer.

“A validade das propostas continua sendo a mesma, até 29 de agosto de 2020, e gostaria de saber, com urgência, do interesse deste ministério em iniciar conversações sobre aspectos legais e jurídicos da presente proposta”, continuou.

A oferta previa entrega de vacinas ainda no fim de 2020, com 1,5 milhões de doses. O contrato também previa 3 milhões de doses no primeiro trimestre de 2021, além de 14 milhões de doses entregues até junho.

“Minha equipe no Brasil se reuniu com representantes de seus Ministérios da Saúde e da Economia, bem como com a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas até o momento não recebemos uma resposta”, diz a carta.

“Sabendo que o tempo é essencial, minha equipe está interessada em acelerar as discussões sobre uma possível aquisição e pronta para se reunir com Vossa Excelência ou representantes do Governo Brasileiro o mais rapidamente possível”, diz o documento.