Congressistas americanos pedem respostas sobre envolvimento dos EUA com a Operação Lava Jato
O documento é assinado por nomes proeminentes do partido Democrata, como a política e ativista Alexandria Ocasio-Cortez.
Um grupo de congressistas Democratas dos Estados Unidos enviou uma carta ao secretário de Justiça General Merrick Garland, nesta segunda-feira (07/06), exigindo explicações sobre o papel do país na conduta da Operação Lava Jato. Os 23 parlamentares, liderados por Hank Johnson, representante da Georgia, mostraram preocupação com a colaboração entre o Departamento de Justiça (DoJ) americano e investigadores brasileiros.
De acordo com os congressistas, a Lava Jato levou à prisão injusta do ex-presidente Lula e preparou terreno para a eleição de Jair Bolsonaro. O documento é assinado por nomes proeminentes do partido Democrata, como a política e ativista Alexandria Ocasio-Cortez.
O secretário de Justiça anterior, William Barr, já havia recebido um pedido semelhante em 2019. “A resposta que obtivemos, quase dez meses depois, não continha nenhuma informação relevante e parecia ignorar o papel constitucional do Congresso de supervisão”, disse Johnson em e-mail que pedia apoio à carta.
“Os membros do Congresso merecem uma resposta de verdade, e – mais importante – os brasileiros merecem uma resposta de verdade”, afirmou o diretor de políticas internacionais Alexander Main à revista The Nation. “Com Lula e a esquerda brasileira bem posicionadas para ganhar a eleição do próximo ano, Garland e a administração de Biden devem ser transparentes sobre o envolvimento dos EUA na Lava Jato”.
Main ressaltou que o governo americano deve “tomar medidas corretivas para garantir que as atividades internacionais do DoJ não promovam operações antiéticas e potencialmente antidemocráticas no Brasil ou em qualquer outro país”.
“A Lava Jato foi usada descaradamente para promover uma agenda política de direita, e acabou danificando profundamente a democracia brasileira”, disse o diretor. “Prendendo o político mais popular do Brasil com acusações falsas e forçando sua retirada da disputa de 2018, os operadores da Lava Jato ajudaram a eleger Jair Bolsonaro, um demagogo de extrema-direita perigoso, que frequentemente elogia a ditadura militar pela qual o país passou”.
Para Main, a operação é “amplamente descreditada atualmente, mas muitos brasileiros ainda têm dúvidas sobre o papel que os Estados Unidos tiveram ao apoiar os promotores, especialmente durante a notória perseguição judicial de Lula”.