“Não tenho como saber o que acontece nos ministérios”, diz Bolsonaro após suspeitas da Covaxin
Tema pautou a CPI da Pandemia na última semana após denúncias de irregularidades e superfaturamento nos contratos.
O presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), disse na manhã desta segunda-feira (28/06), durante encontro com apoiadores que não tem como saber o que acontece nos ministérios do seu governo.
A fala ocorre após denúncias de irregularidades feitas pelo servidor do Ministério da Saúde e ex-chefe do setor de importação da pasta Luis Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF). A denúncia pautou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia na última semana.
Na manhã desta segunda, ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse a apoiadores que tem “confiança nos ministros” e não sabe de tudo o que acontece nas pastas.
“Eu recebo todo mundo. Ele que apresentou, eu nem sabia da questão, de como tava a Covaxin, porque são 22 ministérios. Só o ministério do Rogério Marinho [Desenvolvimento Regional], tem mais de 20 mil obras”, declarou. “Então, eu não tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de ministros e nada fizemos de errado”, completou.
Suspeitas de irregularidades
Durante depoimento à CPI, o deputado Luis Miranda disse que ele e seu irmão alertaram o presidente sobre possíveis irregularidades no contrato em reunião no último dia 20 de março.
O deputado disse também que ao saber, Bolsonaro teria dito “isso é coisa de fulano”, em referência a um parlamentar. “Ele diz: ‘isso é coisa do fulano. [Palavrão], mais uma vez’. E dá um tapa na mesa”, relatou o parlamentar.
A princípio, Miranda resistiu a apresentar o nome do parlamentar citado por Bolsonaro, mas, ao final de seu depoimento, afirmou que o era o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
Luis Ricardo Miranda, ex-chefe do setor de importação do Ministério da Saúde, disse que se recusou a assinar um documento da compra da Covaxin, porque, segundo ele, havia suspeitas de irregularidades. Segundo Luis Ricardo, o documento de compra tinha preço acima do contratado, número de doses menores e o documento estava em nome da empresa Madison, com sede em Cingapura. A fabricante da Covaxin é a Barath Biotech, da Índia.