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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Livro

Sírios e libaneses têm presença forte na política goiana

Recém-lançado, livro sobre políticos brasileiros de origem árabe já nasce como uma referência no assunto, mas não aborda casos de Goiás

Postado em 20 de setembro de 2021 por Marcelo Mariano
Sírios e libaneses têm presença forte na política goiana
Recém-lançado

Em ano de eleições, é comum o eleitor se deparar com candidatos, de diferentes ideologias, com sobrenome árabe, especialmente sírio e libanês. Temer, Haddad, Kassab, Maluf e Sebba são apenas alguns exemplos.

Recém-lançado, o livro “Brimos: imigração sírio-libanesa no Brasil e seu caminho até a política” (Editora Fósforo, 272 páginas), do jornalista e pesquisador Diogo Bercito, já nasce como uma referência no assunto.

Com uma escrita tão prazerosa quanto hommus no pão sírio, a obra é dividida em duas partes. A primeira faz um contexto histórico da imigração sírio-libanesa para o Brasil, com resgate até mesmo de uma viagem de Dom Pedro II ao Oriente Médio, enquanto a segunda trata mais especificamente da participação dos árabes na política brasileira.

Como o Brasil é enorme e há muitos árabes que se aventuraram na política país afora, naturalmente não se espera que todos os casos sejam abordados. Goiás, por exemplo, ficou de fora, mas a seleção de nomes e sobrenomes é de primeira linha.

Vale dizer que a personalidade goiana, que não deixa de estar vinculada à política, com maior destaque no livro é a médica anapolina Ludhmila Hajjar, cotada para assumir o Ministério da Saúde no início de 2021.

Braço direito do médico Roberto Kalil, ela aparece no capítulo “O hospital dos presidentes”, que explica a história do Hospital Sírio-Libanês. Seu pai, Samir Hajjar, já foi pré-candidato a prefeito de Anápolis.

Brimos goianos

Dos 41 deputados estaduais em Goiás, pelo menos quatro têm origem árabe: Cairo Salim (Pros), Gustavo Sebba (PSDB), Humberto Aidar (MDB) e Lucas Calil (PSD). A proporção é de quase 10%, o dobro de deputadas mulheres, que são apenas duas.

Em relação aos 17 deputados federais goianos, só um é brimo: Zacharias Calil (DEM), que, até onde se sabe, não tem parentesco próximo com Lucas Calil.

Há, ainda, prefeitos e ex-prefeitos, como Adib Elias (Podemos), atual prefeito de Catalão, e Issy Quinan Júnior (Progressistas), ex-prefeito de Vianópolis, entre tantos outros brimos goianos com atuação política.

Em seu livro, Diogo Bercito destaca que não é possível mapear todos políticos brasileiros de origem árabe somente por meio do sobrenome. Em Goiás, há o caso do ex-governador Maguito Vilela (MDB), que, apesar de o sobrenome não indicar, é neto de libanês.

Aliás, na campanha para prefeito de Goiânia em 2020, Maguito, que faleceu poucos meses depois em decorrência de complicações da Covid-19, recebeu apoio da comunidade árabe.

Um dos principais articuladores desse apoio foi Michel Magul (MDB), candidato a vereador no ano passado e atualmente secretário-executivo da Secretaria de Governo (Segov) e da Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) da Prefeitura de Goiânia.

“Historicamente, houve diálogo entre políticos árabes representantes da colônia, como Issy Quinan, Abdul Sebba, Pedrinho Abrão, Adib Elias e Jardel Sebba”, conta Michel ao jornal O Hoje. 

No entanto, segundo ele, esse diálogo diminuiu nos últimos tempos e agora está voltando a crescer. Michel é filho do Padre Rafael Magul, da Igre­ja Católica Apostólica Ortodo­xa de Antioquia – o celibato entre ortodoxos não é obrigatório –, e se coloca à disposição para fortalecer os laços entre a política goiana e a comunidade árabe.

“A formação cultural do árabe o faz se envolver na política de uma forma natural”, afirma Michel. “Nascemos falando de política.”

De acordo com ele, “muitos não fazem um trabalho específico para a comunidade árabe nem foram eleitos com essa pauta, mas tenho certeza que se identificam com a origem e têm orgulho dela”. (Especial para O Hoje)

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