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sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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“Quem vai decidir essas eleições são as mulheres”, aposta Mandetta

Elas são maioria do eleitorado e estão submetidas a um jogo muito machista e violento

Postado em 18 de outubro de 2021 por Raphael Bezerra
“Quem vai decidir essas eleições são as mulheres”
Elas são maioria do eleitorado e estão submetidas a um jogo muito machista e violento | Foto: Redação

Pré-candidato à presidência pelo União Brasil, o ex-ministro da Saúde no governo de Bolsonaro comenta sobre as articulações e cenários para as eleições de 2022. Luiz Henrique Mandetta aponta que o principal grupo de eleitores que pode mudar os rumos da eleição e quebrar a polarização entre Bolsonaro e Lula é o das mulheres. “O grande contingente que vai decidir essas eleições são as mulheres. Elas são maioria do eleitorado, estão submetidas a um jogo muito machista e violento, tanto que a violência doméstica só cresce no Brasil”, comenta. 

Edna: O sr. Como ministro da saúde percorreu o país e pode constatar as grandes distorções sociais que separa os brasileiros. É possível reorganizar o estado e diminuir o fosso de miséria que a cada dia aumenta?

Esse fosso de miséria tem um nascedouro comum em todos os estados e ele tem na sua raiz, desde o início da colonização do Brasil uma força que o alimenta, que é a falta de decisão política do país de fazer um movimento radical da Educação. Não vamos diminuir esse fosso social sem uma decisão coletiva de decisão para que as oportunidades possam ser dadas de uma maneira mais igualitária. Quando você pega um país que coloca as crianças e adolescentes em meio período, você praticamente sacrifica essa geração que não tem nas suas casas suportes para dar o segundo turno da educação. Nos anos 70-80, quando eu era adolescente, a minha mãe era dona de casa e professora, mas ela repassava as matérias comigo. Hoje as mulheres e os homens saíram para trabalhar e as crianças ficaram praticamente sozinha. Quando você pega uma criança da zona rural que precisa sair 5h da manhã sem se alimentar e você voltar às 11h, você não deixa ela 3 horas na escola e deixa elas sem suporte do núcleo familiar. Estamos abrindo mão de dar instrução, esporte e estar em um ambiente seguro e que acrescenta para que ela possa mudar. Tem político que diz que essa é uma decisão de longo prazo, que demora. Mas é um engano. Se você começa a fazer num ciclo de governo com período integral, garantindo 3 refeições você ganha nutrição, esporte, cidadania, socialização e essas crianças teriam capacidade de competir com as crianças da classe média e alta que estão em colégios particulares que depois vão para as aulas de inglês, que vão praticar esportes e que vão para aulas de reforço. Então esse nível e esse fosso só se alimenta dessa decisão equivocada do país de não radicalizar na educação. 

Wilson: É possível construir uma terceira via diante da polarização lula-bolsonaro?

O país está sedento por isso, a classe política é refém do eleitor. Hoje quando você vê qualquer pesquisa, mais da metade do eleitorado não quer ir para nenhum desses dois projetos pois já sabem qual é. Apenas os núcleos de radicais que perdoam qualquer ação desses dois. Os outros 50% estão pedindo outras alternativas. O que eu tenho batido na tecla é que não pode haver uma candidatura irreversível para não dividir os 50% da sociedade que quer outro caminho e vai acabar chegando no segundo turno o pior pesadelo que é optar por qualquer um desses polos de extremo pois eles se alimentam desses conflitos como se fosse torcidas de futebol e não uma liga social. Um dos grandes valores que temos é achar um ponto de equilíbrio e os dois desequilibram a sociedade brasileira, tensionam. Os dois são tão parecidos que atacam a imprensa como se fosse ela a vilã. Um quer controlar a imprensa e o outro quer anular e asfixiar a imprensa. Não se constrói um partido com ódio. O brasileiro está precisando sentir um bom governo. 

Edna: O sr. fala muito em convergência política, mas a maioria dos partidos ainda não mostraram disposição a somar forças. O União Brasil pode galvanizar essa ideia?

O maior acontecimento político desse ano é essa fusão. Ele é uma grande ferramenta, é um grande barco e um grande timoneiro. De todos os partidos, o que eu pedi de compromisso é a disposição de dar apoio para ser apoiado. Isso já foi dito para o Cidadania, pelo MDB, pelo PSDB, já foi verbalizado por mim e o único que diz que a sua candidatura é irreversível é o Ciro Gomes (PDT). Agora desse campo vai ter uma candidatura unificada. Vamos ter que sair de casa, tirar o pé do chão. Posso ser candidato para auxiliar, posso ir para a rua distribuir santinho, mas estou pronto para ser candidato à presidência. 

O cidadão eleitor hoje tem uma conta para pagar, uma vida para levar, uma inflação para combater e o desemprego para conviver, a fome batendo na porta. A última preocupação dele é com o processo eleitoral. Essa eleição vai começar a se desenhar e ganhar uma cara a partir do primeiro semestre do próximo ano quando os nomes começam a ficar mais peneirados. Essa eleição vai começar de forma brusca e essa terceira via vai ocupar espaços. 

O grande contingente que vai decidir essas eleições são as mulheres. Elas são maioria do eleitorado, estão submetidas a um jogo muito machista e violento, tanto que a violência doméstica só cresce no Brasil. Quando você olha nas pesquisas, a que mais fala que não tem voto de impulso, que vai esperar para analisar é das mulheres. 

Edna: Passamos por um momento de crise em que parte da população voltou a passar fome e se alimentar de restos de ossos. É possível sonhar com dias melhores?

Principalmente na parte alimentar. O Brasil alimenta o mundo. Como a gente pode alimentar o mundo e não alimentar o brasileiro. É inadmissível você ter o potencial agrícola que a gente tem, e ainda ter fome internamente por um governo que não fez uma coisa que é histórica, que é o estoque reguladores. Você tem que comprar antecipadamente um pedaço da safra de feijão e arroz para garantir um preço balizador. Agora se a política é do tudo para o mercado externo, o brasileiro come em dólar porque o mercado externo paga em dólar e os preços vão lá para cima.

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