Aconteceu. Chegou o dia que muitos achavam que nunca chegaria. Quase imortal, Iris Rezende Machado, ex-governador de Goiás por dois mandatos e ex-prefeito de Goiânia por outros quatro, morreu no início da madrugada desta terça-feira (9) depois de ficar três meses internado em São Paulo devido a um AVC.

Em um momento em que falar sobre mortes, infelizmente, tornou-se algo tão frequente, a de Iris, contudo, jamais poderia passar despercebida. A comoção entre a sociedade e demais personalidades políticas esteve à altura do que ele fez por Goiás.

Mais do que isso, em um momento em que falar sobre política e políticos acirra os ânimos de grande parte dos brasileiros, lembrar da trajetória de Iris é uma obrigação para pensarmos em um futuro mais otimista.

Considerado um político popular, das massas, o emedebista se caracterizou por ter um perfil moderado, de conciliação e adepto ao diálogo. “Iris sempre foi respeitoso e equilibrado, respeitando os adversários”, escreveu nas redes sociais o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), seu maior adversário político.

Iris se foi, como todos um dia se vão. Por outro lado, seu legado, esse sim, será imortal. O que Iris deixa é uma herança de defensor da democracia, inclusive durante a ditadura militar, além de um político reconhecido como tocador de obras e com preocupação social.

Em resumo, Iris é uma unanimidade. Independentemente de posicionamento ideológico, todos o respeitam e admiram. Afinal, ninguém sobrevive no meio político por mais de 60 anos à toa. 

Futuro do MDB

A história de Goiás, e especialmente de Goiânia, se confunde com a história de Iris. A do MDB, então, nem se fala. Sem ele, o partido, agora, terá grandes desafios pela frente.

Na verdade, 2021 tem sido um ano difícil para os emedebistas. Ainda em janeiro, Maguito Vilela, outra figura histórica do partido, morreu em decorrência de complicações da Covid-19.

Dessa forma, o MDB goiano perdeu, em pouco tempo, dois de seus principais líderes. Filho de Maguito, o presidente estadual do partido, Daniel Vilela, terá a responsabilidade, com base nos legados de Iris e seu pai, de construir o futuro emedebista.

E Daniel fará isso respaldado por Iris, que, antes de morrer, viu o seu último desejo na política ser realizado: uma aliança entre MDB e o governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil).

Adversários históricos, principalmente nos anos 1990, Iris virou aliado de Caiado nos últimos anos. Eles estiveram na mesma chapa em 2014, mas, quatro anos depois, MDB e DEM ficaram em lados diferentes.

Para 2022, Iris foi um dos maiores entusiastas do acordo que definiu Daniel como candidato a vice-governador na chapa de Caiado. Aliás, vale lembrar, nos cartazes do evento que sacramentou a aliança no final de setembro, Iris aparecia no centro, entre Caiado e Daniel.

Além da fronteira

Por fim, convém ressaltar uma curiosidade sobre a atuação de Iris, que era visto como um político provinciano no sentido de não querer viajar para o exterior para conhecer exemplos de gestão em outros países.

No entanto, Iris deixa um legado também na área internacional. Foi durante seu segundo mandato como governador (1991-1994) que Goiás assinou sua primeira parceria de estados-irmãos, com a província chinesa de Hebei, após missão oficial à China, liderada pelo então vice-governador, Maguito Vilela.

Além disso, em 2018, desta vez como prefeito de Goiânia, ele recriou o cargo de assessor internacional na estrutura da administração municipal. Definitivamente, para onde olharmos, veremos uma marca de Iris. (Especial para O Hoje)