Como Lula se movimenta por Goiás, com pré-candidatos mais à direita ao governo?
Especialistas analisam que o ex-presidente Lula não deve sofrer com influência de candidatos mais à direita ao governo
Enquanto o pré-candidato do Partido dos Trabalhadores, Wolmir Amado, não deslancha na expectativa do eleitor goiano, uma frente – dispersa, claro – do centro e da ultra-direita avança pela vaga no Palácio das Esmeraldas. São eles: Ronaldo Caiado (UB), atualmente distante demais do bolsonarismo; Vitor Hugo (PL), ungido pelo próprio presidente sob a anuência da cúpula do Partido Liberal; e Gustavo Mendanha (Patriota), que, como esfinge no processo eleitoral, se coloca à disposição para se contrapor à reeleição de Ronaldo Caiado. Não é possível, ainda, afirmar, nem descartar, se o ex-governador Marconi Perillo deve se candidatar.
Embora nos bastidores há um sopro de esperança de uma aliança entre Marconi e o ex-desafeto – Lula – para desbaratar Bolsonaro, que busca reeleger-se, e Caiado, na mesma busca pelo governo goiano, o próprio tucano tem se desvencilhado da teoria.
De qualquer forma, sem apoio dessa ala mais conservadora em Goiás, que vai do agronegócio ao setor evangélico-católico, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o principal risco à reeleição de Jair Bolsonaro, com crescente nas pesquisas, ainda consegue expressividade em Goiás, mesmo sem um palanque forte.
Ludmila Rosa, cientista política da Universidade de Brasília, com um pé em campanhas eleitorais em Goiás, acredita que não haja haja uma verticalização muito significativa da eleição nacional com as eleições nos estados, sobretudo naqueles estados em que os governadores não têm um alinhamento tão objetivo nem com um lado nem com o outro. “Desses candidatos que lideram as pesquisas nacionais ( Lula e Bolsonaro), nós temos vários governos que já estiveram mais próximos do Bolsonaro e hoje não estão tanto”, destaca ela.
Neste contexto, Rosa lembra que outros pré-candidatos que nunca foram muito alinhados a Bolsonaro, mas que também não estão fazendo grandes acenos ao ex-presidente Lula. “Nós estamos aqui no estado de Goiás, a eleição pro estado é uma eleição majoritária de modo que se o governador Ronaldo Caiado fizer grandes acenos ao Jair Bolsonaro, ele pode ter dificuldades com o outro lado que é um polo mais alinhado com o presidente Lula”, avalia a cientista política.
Na explicação, ela ressalta que algumas pesquisas apontam que Goiás é um estado indeciso, onde os estatísticos têm algumas dificuldades para saber de fato quem pontua na frente. “Há pesquisas que os dois candidatos aparecem empatados, há outras pesquisas que apontam que existe uma sensível melhora do Jair Bolsonaro e outras que Lula aparece na frente”, pontua.
Em um comparativo com o pleito de 2018, ela rememora que Bolsonaro estava liderando com muita folga nas pesquisas. “Eu acredito que as coisas estão bem equilibradas”. Com outros nomes, ela volta a defender que não deverá haver influência direta do eleitorado em um candidato em relação à preferência por esse ou aquele nome ao governo federal. “Voto no Bolsonaro, logo voto no Vitor Hugo ou voto no Lula, logo voto no professor Wolmir Amado, não acredito que isso vá acontecer. É uma eleição com particularidades, eleições que estão mexendo com coisas diferentes”.