Os herdeiros de tradicionais políticos e as facilidades do voto
Na política, a herança vai além das glebas de terras, imóveis e quantias aplicadas. Muitos herdam currais eleitorais que perpassam décadas e alcançam gerações estimuladas pela facilidade de inserção em mandatos que, não raramente, dura a vida toda para muitos parlamentares. A lista daria um romance de Jorge Luís Borges ou de Gabriel García Márquez. […]
Na política, a herança vai além das glebas de terras, imóveis e quantias aplicadas. Muitos herdam currais eleitorais que perpassam décadas e alcançam gerações estimuladas pela facilidade de inserção em mandatos que, não raramente, dura a vida toda para muitos parlamentares. A lista daria um romance de Jorge Luís Borges ou de Gabriel García Márquez.
Exemplos não faltam: da esquerda à direita, filhos, netos, sobrinhos de políticos – recorrentemente nas urnas – chegam com mais facilidade em conversões e com banca para exigir fatias gordurosas do fundo partidário e doações primorosas de empresários que já sabem o tamanho do investimento a uma candidatura de quem se criou no celeiro político-partidário.
O jornal O Hoje separou alguns nomes que buscam vagas nos legislativos estadual e federal e, sem qualquer inibição, contam com o apoio indissociável dos experientes familiares.
Acostumado a gravar vídeos desde que a mãe, atual prefeita Vanusa Valadares, era oposição em Porangatu, o jovem de 29 anos Givago Valadares (PRTB) tem a benção, também, do pai, Eronildo Valadares, ex-prefeito do município.
O jovem de 29 anos, que declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quase R$800 mil, faz dobradinha com um aliadíssimo da sua família, o deputado federal e candidato à reeleição José Nelto. Com forte tendência de ser o mais bem votado na região Norte do estado, o jovem tem a acolhida reservada, sobretudo, pela influência da mãe que, além de prefeita de uma das cidades mais importantes da região, foi deputada estadual.
O ex-deputado federal constituinte e ex-senador Mauro Miranda (MDB) foi mais ousado. Investiu uma fortuna do próprio bolso para bancar o neto, Felipe Cecílio (MDB), de 22 anos, à Câmara Federal. No total, o político, estrela emedebista, doou R$268 mil. O prestígio, no entanto, elevou doação do partido ao herdeiro político: R$606 mil.
O investimento, que já ultrapassa R$1 milhão, tem dado resultado. O jovem é tido como uma “revelação” nos bastidores da sigla comandada pelo Daniel Vilela – do mesmo sangue de Maguito Vilela. Vale lembrar que Felipe Cecílio também é neto de Jamel Cecílio, ex-prefeito de Anápolis e um dos responsáveis pela revolução industrial na cidade.
Com o pai, o deputado estadual Iso Nogueira, adoentado por causa da Covid-19 desde fevereiro deste ano, Alessandro Moreira (PP) deve herdar os votos do patriarca de cinco filhos, no 5° mandato na Alego. Agropecuarista, Isso é um dos parlamentares mais respeitados, mas, como apurou a reportagem, não deve influir de maneira significativa na campanha do filho.
Existem alguns “herdados” conhecidos, como a ex-vereadora e atual secretária da gestão do prefeito Rogério Cruz, Tatiana Lemos, filha de Ivo e Isaura Lemos. Isaura, inclusive, tenta retornar ao mandato de deputada estadual pelo PCdoB.
Deputado estadual e candidato à reeleição, Henrique Arantes (MDB), é filho do ex-deputado federal – que concorre de volta à Câmara Federal – do Jovair Arantes (Republicanos). Na composição partidária, chama a atenção a estratégia tanto da influência em pastas da prefeitura de Goiânia quanto dos espaços disponíveis nas chapas: enquanto Henrique apoia à reeleição de Ronaldo Caiado (UB), o pai é um fiel escudeiro de Gustavo Mendanha (Patriota).