A novela partidária do Partido Republicano da Ordem Social (Pros) ganhou mais um capítulo: a incorporação do Solidariedade. Depois do vai e vem de decisões judiciais para pôr de vez Eurípedes Júnior na presidência da sigla, a destituição do sonho do goiano e coach Pablo Marçal de concorrer à Presidência – ele terminou eleito deputado federal pela legenda por São Paulo. 

Mesmo com a candidatura sub júdice, Marçal foi declarado eleito esta semana e vai tomar posse como um dos aliados mais poderosos do ponto de vista na inserção digital do presidente Jair Bolsonaro. O problema, no entanto, é que o Pros virou as costas para Marçal, o presidenciável, para apoiar a candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto. 

A dúvida que fica, contudo, é para onde Marçal deve migrar, já que o Solidariedade, presidido pelo Paulinho da Força, também é um braço do lulopetismo neste segundo turno e em uma eventual base de apoio à governabilidade do ex-presidente pernambucano. 

Marçal, que ficou conhecido fora da bolha do mundo virtual após ter pedido socorro a um grupo que o acompanhava em uma montanha, que foi alvo de um clima tempestuoso. Ele percorreu o País, em aeronaves próprias, com o intuito de viabilizar seu nome. Chegou a conversar com partidos, como o União Brasil, em prol de apoio consolidado. A decisão do partido, no entanto, de garantir apoio a Lula desencanou o sonho de Marçal, que apontou à candidatura do petista como principal opositor, dourando a pílula ao atual mandatário de Brasília.  

Por pouco os votos de Marçal na disputa a uma das vagas à Câmara foram anulados. Mas, a conclusão da retotalização dos votos feita pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) deu a vitória a Marçal, retirando a vaga do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que passou à suplência da Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV). Conforme fontes ouvidas pelo jornal O Hoje, a tendência é que Marçal possa ir para o Partido Liberal, de Bolsonaro, ou ao União Brasil, de Luciano Bivar, a quem o coach evangélico se aproximou na tentativa de concorrer à Presidência da República. 

A decisão de os partidos se unirem ocorreu na segunda-feira (17) com o intuito de ultrapassar a chamada cláusula de desempenho. Eurípedes Júnior foi aclamado presidente da sigla, enquanto Paulinho da Força se tornará o vice, mas com a garantia de comandar o partido depois de um período. 

O resultado da junção é que a nova legenda vai alcançar uma bancada de oito deputados. Com isso, na próxima campanha eleitoral, poderá ter tempo de TV e ao fundo partidário A estratégia é discutida por outros partidos, que estão de olho nas campanhas municipais de 2024. 

Além da expectativa da decisão, expressa em um aviso de reunião entre as duas legendas, uma nota posterior afirma que “a junção proporcionará um partido forte em todo o Brasil, capaz de agregar forças políticas que comunguem dos princípios democráticos e cuidado social”.

“Com isso, esse atual momento fará da agremiação uma importante força política no cenário nacional com uma bancada em ascensão na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e já contando com um governador eleito no Amapá e a positiva projeção de vitória para o governo em Pernambuco”, complementou, ainda, a nota oficial divulgada pelos dois presidentes partidários.

Em lives – inclusive uma com o próprio Jair Bolsonaro – Marçal tem construindo uma relação antipetista, sempre voltada para desestimular os seguidores a voltarem a depositar nas urnas um segundo voto a Lula. Usando os métodos comuns ao coach, ele tem se dado bem com a equipe de marketing de Bolsonaro, inclusive com dicas de produção de conteúdo.