Haddad confirma Lula na disputa de 2026 e Caiado pode ter segundo embate com petista
Políticos se encontraram na disputa eleitoral de 1989 e travaram embate em debate, à época
Em entrevista ao Jornal O Globo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é consenso do PT para 2026. Com isso, caso o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) consiga se viabilizar, ele irá rivalizar com o petista, como já ocorreu no passado.
Em 1989, os dois tiveram o primeiro embate. À época, foi um pleito polarizado, o primeiro com eleições diretas após a redemocratização. Participaram da disputa: Lula, Leonel Brizola, Paulo Maluf, Roberto Freire, Affonso Camargo, Aureliano Chaves, Mário Covas, Guilherme Afif Domingos, Fernando Collor, Ulysses Guimarães e Caiado.
Naquele momento, houve discussão durante um debate transmitido pela a Band (o primeiro), sobretudo, acerca da reforma agrária e violência no campo. “O problema no Brasil não é escassez de terra, mas ter uma pessoa capaz de dar oportunidade a todos aqueles, não sem terra, mas vocacionados para o trato da terra poder ter acesso ao seu quinhão nos 117 milhões de hectares terras improdutivas do governo federal. Nunca votamos e apoiamos nenhuma medida contra a reforma agrária. Nunca existiu emenda contra ou a favor. Foi votado no Congresso quem defendia terra produtiva”, disse o hoje governador.
Já o atual presidente, respondeu dizendo que houve “inverdade sobre a disputa da reforma agrária”. “Na verdade, tinha muita gente contra a reforma agrária. Lá [na Constituinte] nunca se estabeleceu quem era favorável e quem era contrário à propriedade. Primeiro, porque defendemos propriedade para todo mundo, não apenas para alguns privilegiados. O que nós queríamos é que não apenas as terras devolutas, mas também os latifúndios improdutivos fossem distribuídos.”
Caiado, então, rebateu e afirmou que o “deputado” parecia não ter acompanhado a votação. “O que nós defendemos foi só terra produtiva. Nunca defendemos terras improdutivas, grileiros, invasores ou especuladores. Somente aqueles que com suor e trabalho fazem a terra produzir riqueza nessa nação.”
Relação republicana
Atualmente, contudo, o cenário é diferente. Caiado que sempre foi oposição pode ser visto como independente. O governador e o presidente mantêm um relacionamento republicano e até elogioso em alguns momentos. O gestor estadual, que apoiou o ex-presidente Bolsonaro (PL) no segundo turno do pleito de 2022, foi um dos primeiros a reconhecer a vitória de Lula e parabenizá-lo.
O presidente, inclusive, pode vir a Goiás no primeiro semestre deste ano e será bem recebido, adiantou Caiado. “No momento que ele marcar, eu também o receberei com todas as honras como deve ser recebido um presidente da República, com todo o respeito a liturgia do cargo. Essa sempre foi minha maneira de agir.”
O governador ainda lembrou que o petista deveria ter comparecido no Estado, em 2023, mas não conseguiu. “Ele não pôde, por questões climáticas, chegar em Rio Verde, na inauguração da Rodovia Norte-Sul. Eu estava lá para recebê-lo.”
Mas além disso, ele sempre deixou claro que “governo não faz oposição a governo”. O partido dele, o União Brasil, também ocupa ministérios de Luiz Inácio. Ainda assim, Caiado trabalha para garantir viabilidade para 2024 e, possivelmente, enfrentar Lula pela cadeira do Planalto.