Lula quer passar a biografia a limpo, mas e a pauta do Brasil?
No terceiro mandato, Lula da Silva sabe que vai precisar ter pulso firme para conseguir mudar realidade de um país conflagrado
Luiz Inácio Lula da Silva – inegavelmente – é um dos sujeitos mais conhecidos do Brasil. Também fora do país. Primeiro a exercer o terceiro mandato na Presidência do Brasil, Lula, odiado por milhões de brasileiros puxados pelo antipetismo, sobretudo a partir do crescimento da direita brasileira, eleito por uma parcela que detestava Jair Bolsonaro e outra que, por algum motivo, manteve alguma relação boa com as pautas do PT e da esquerda.
É comum ouvir piadas do tipo “faz o L” quando algo vai ou parece mal em rodas, sobretudo, de quem ainda mantém alguma expectativa de que haja milagre e Jair Bolsonaro possa conseguir candidatar-se em 2026 — ele está inelegível até 2030. A situação do guru da direita pode piorar com o nível de profundidade das provas encontradas que ligam Bolsonaro à tentativa de golpe após a derrota do candidato da direita para Lula da Silva.
O fato é: Lula governa o País sob o olhar atento, crítico e barulhento de uma direita que, agora afiada, pouco tempo atrás revirava os olhos para qualquer indício de irregularidade de Bolsonaro. Encontram até pelo em ovo no mandato de Lula. E era assim com a esquerda em relação aos quatro anos de Bolsonaro.
A fala de Lula da Silva sobre os ataques de Israel em resposta à Palestina pegaram muito mal tanto no exterior quanto no Brasil. A reação foi imediata. Lula, que angariou fama de ser o queridinho de presidentes de grandes potências — ele com ou sem mandato em Brasília — comparou a ofensiva de Israel em na Palestina com algo que lembra, segundo o petista, ao holocausto – que levou à morte milhares de judeus pelas mãos do nazismo de Adolf Hitler.
E, ainda, Lula não conseguiu baratear os produtos da cesta básica, deixando, um ano e poucos meses mais de mandato, eleitores insatisfeitos e envergonhados tendo de ouvir, a duras penas, a piadinha “faz o L”. E ainda teve pesquisa demonstrando o fracasso de Lula de conseguir aumentar a popularidade. Membros do próprio governo e da base aliada no Congresso Nacional compreendem o desafio.
Lula foi eleito depois de pegar um Brasil, acima de tudo, ainda se recuperando de uma pandemia mundial. A economia estava enfraquecida, o desemprego uma lástima e, para piorar – e é possível apostar que seja um dos fatores mais importantes – tendo de lidar com a auto-estima dos brasileiros em frangalhos.
Por isso, depois de passar mais de 500 dias preso em Curitiba acusado de corrupção, há, por parte da oposição, a ideia de que Lula quer, na verdade, retornar ao cargo mais importante da nação, para, justamente, limpar a sua barra. E, com isso, ter uma biografia mais adequada para o perfil de liderança política que ele propôs se tornar desde que era o líder do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, em São Paulo e, posteriormente, como fundador do Partido dos Trabalhadores.
Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, em entrevista à Globonews, soltou o verbo, interpretando as dificuldades do governo. “Tem uma fotografia que mostra uma oscilação em alguns segmentos que são importantes, que deram a vitória ao presidente Lula. E outros segmentos que a gente tinha ampliado o diálogo ano passado, ampliado a aprovação e, agora, tem uma redução”, disse ele.