“Estratégia do Republicanos para presidência da Câmara é certeira”, diz correligionário
Fonte fala em estratégia de Marcos Pereira que absorveu os desgastes e agora lança o “verdadeiro nome” ao cargo
O vice-presidente da Câmara Federal, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), era pré-candidato à presidência até a última semana. Ele decidiu, contudo, desistir de concorrer e abrir espaço para o colega de partido, Hugo Motta (PB). A estratégia foi certeira, afirma um correligionário goiano dos parlamentares que tem boa circulação com ambos.
Marcos é presidente nacional do partido. Pré-candidato há meses, ele atraiu ataques, críticas e desgastes no período. Tinha, inclusive, resistência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que expressou o descontentamento ao atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tenta fazer o sucessor.
Motta chega como “carne fresca”, sem desgaste. Diferente dos outros pré-candidatos que já estão aí. Essa é a análise da fonte do Republicanos que conversou com o Jornal O Hoje. “Podem dizer que não, mas ele já tem a maioria”, revela o favoritismo do colega de partido.
Além disso, não resistência – no momento – de Bolsonaro e nem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista, inclusive, foi informado da mudança por Marcos Pereira. Conforme a Folha de S.Paulo, ele não se opõe ao nome. Contudo, teria dito, ao lado do ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), que quer conhecê-lo.
Motta é líder do Republicanos na Casa. Ele foi eleito deputado federal, pela primeira vez, em 2010. Na época, ele tinha 21 anos e teve 86,1 mil votos. Ele é filho e neto de ex-deputados.
Além de Lula, Pereira também conversou com Arthur Lira em busca de consenso. Ele, agora, precisa convencer outros pré-candidatos que o nome de Motta é o melhor. Entre eles, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento.
Elmar é um dos pré-candidatos à presidência. Além dele, o líder do PSD, Antonio Brito (BA), também postula o cargo. Caberá articulação para ele abdicar da candidatura pelo consenso.
Agrada, mas há ressalvas
Motta é visto como alguém de bom trânsito entre os parlamentares de diversos partidos na Câmara. O problema era justamente a candidatura de Marcos Pereira. A desistência ocorreu após reunião com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que disse ao republicano que não retiraria Brito da disputa, neste momento.
Mas a verdade, conforme apurado, foi pura estratégia. Pereira só esperou pelo momento certo.
Em alguns núcleos do PT, contudo, há desconfiança. Isso, porque Motta é próximo do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, um dos principais responsáveis pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Do outro lado
Enquanto a discussão para a sucessão na presidência da Câmara acontece, Lula conversa com Arthur Lira – e também com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco – sobre indicá-lo a um ministério. A informação consta em reportagem publicada no portal UOL e assinada pela jornalista Andreza Matais.
Em relação a Lira, a ideia seria neutralizar a oposição do senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do partido e aliado de Bolsonaro. Já sobre Pacheco, o intuito é o mesmo, mas com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que é ligado ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Além disso, claro, o acordo ajudaria na escolha dos presidentes da Câmara e Senado. Já houve uma conversa sobre o tema, há algumas semanas.