A crônica política não falou noutra coisa desde o início da madrugada desta segunda-feira (16) senão da forma com que terminou a participação de dois candidatos a prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB), de um debate: com xingamentos, empurrões e uma cadeirada. 

O debate continuou com os outros candidatos, Thabata Amaral (PSB), Ricardo Nunes (MDB), Marina Helena (Novo) e Guilherme Boulos (PSOL), mas o clima, por outro lado, era de consternação. 

Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, partido de José Luiz Datena, afirmou que o nome do apresentador continua firme na disputa pela prefeitura de São Paulo. 

Especialistas em marketing político demonstraram preocupação com os rumos dos debates de quem quer governar cidades, sobretudo uma com a dimensão político-social como São Paulo. 

“Primeiro que foi lamentável a perda da razão e do foco entre os candidatos”, avaliou Felipe Fulquim . “A estratégia de fazer comentários ou acusações sobre a vida pessoal de candidatos é um risco calculado que infelizmente pode levar a consequências inesperadas, como a que vimos ontem.”

O especialista destaca que a reação de Datena, que se irritou após uma provocação de Marçal sobre um tema pessoal sensível, pode dividir as opiniões do eleitorado. Enquanto alguns podem ver a resposta exaltada do candidato como justificada, outros podem interpretá-la como uma demonstração de fragilidade emocional diante da pressão do cenário político.

“A partir deste episódio, Datena pode dividir as opiniões entre aqueles que compreendem os motivos de sua reação intempestiva, pois tocou em uma questão pessoal sensível”, disse. 

Por outro lado, para Felipe, Pablo Marçal também pode enfrentar consequências pelo seu papel no incidente. “Ele pode ter ligeira queda nas intenções de voto se o eleitorado comprar a versão de insensibilidade e desrespeito de sua parte ao tocar em um assunto pessoal tão sensível ao seu oponente”, afirmou. “Ele explorou bem o episódio junto ao seu eleitorado, mas foi vítima de uma situação estimulada por ele próprio.”

Ainda assim, o especialista em marketing destaca que o incidente não deve ser comparado a outros episódios de violência em campanhas eleitorais, como o atentado sofrido pelo então candidato Jair Bolsonaro em 2018. “Não vejo paralelo”. 

O sociólogo Jones Matos, conhecido cientista político em Goiás, analisa que “Tanto Datena quanto Marçal são figuras que demonstram um total descontrole e desequilíbrio”. Para ele, “seus discursos são carregados de raiva e ódio, o que torna difícil vê-los como opções sérias para liderar uma cidade como São Paulo.” Ele destacou que a falta de experiência de ambos em cargos públicos também agrava essa percepção.

Sobre Datena, o especialista comentou que sua popularidade como jornalista poderia ter sido um trunfo na campanha, mas o incidente recente revelou outra faceta. “O Datena demonstrou ser uma pessoa emocionalmente desequilibrada. A atitude que ele tomou no debate foi amplamente condenada, e isso pode custar muito para sua imagem.”

Por outro lado, Pablo Marçal também foi alvo de críticas. “O Pablo Marçal é uma figura da extrema direita, sem qualquer vínculo com a política da cidade de São Paulo. Ele nunca esteve na vida pública, e sua tentativa de conquistar a prefeitura parece mais um grito de desespero do que uma proposta séria,” afirmou o analista. Ele enfatizou que a falta de ligação de Marçal com a realidade política da cidade torna sua candidatura frágil.

Ambos os candidatos foram rotulados como “neófitos” no cenário político. A avaliação geral é que o incidente entre Datena e Marçal manchou a imagem de ambos, e a disputa pela prefeitura de São Paulo deve seguir agora em um nível mais elevado, com discussões mais profundas e embasadas. “A sociedade ficou assustada com esse espetáculo de descontrole. A política não é uma arena de ataques pessoais, e o eleitor espera algo muito mais sério e responsável.”