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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
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Relação entre Trump e Lula pode piorar após deportação   

Joe Biden, entretanto, fez o mesmo e não gerou nenhuma crise entre os governos. A contradição pode deslegitimar narrativa de Lula   

Postado em 27 de janeiro de 2025 por Raunner Vinicius Soares
Trump autoriza prisões de imigrantes em escolas e igrejas. | Foto: Divulgação

As diferenças ideológicas são, por si, motivo de afastamento do atual presidente dos EUA e do Brasil, mas o cumprimento da promessa de campanha, de Donald Trump (Republicanos), de deportar imigrantes ilegais – brasileiros – promete ser o assunto de maior exploração da rivalidade de ambos os personagens nos próximos dias. No sábado (25), um avião que levava 158 brasileiros deportados pousou em Confins, Minas Gerais. A parte contraditória, no entanto, é que o ex-presidente estadunidense Joe Biden (Democratas), alinhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deportou 3.660 brasileiros, ou 32 voos, de acordo com os dados da empresa que administra o aeroporto internacional da cidade de Confins, a BH Airport.   

Os dados analisados levaram em consideração as datas de 27 janeiro de 2023 a 10 de janeiro de 2025. Ou seja, diz respeito ao período em que Biden e Lula estavam ocupando oficialmente os cargos de presidente em seus respectivos países. Foi o avião descer do céu, com os brasileiros algemados – procedimento padrão em todos voos desta natureza – que a indignação do ministro da justiça e da segurança pública, Ricardo Lewandowski, se manifestou. Somente durante o tempo que o ministro assumiu o cargo, foram 17 voos. Entretanto, essas situações não resultaram em nenhuma crise entre os governos, deslegitimando a manifestação de repúdio por parte de Lula e seu ministro.  

Em nota oficial sobre a deportação, o ministério da justiça esclareceu que Lewandowski informou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre uma tentativa de autoridades dos Estados Unidos de manter cidadãos brasileiros algemados durante o voo de deportação para o Brasil. “A situação foi comunicada pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues. O voo, que tinha como destino o Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, precisou fazer um pouso de emergência, na noite desta sexta-feira (24), em Manaus (AM), devido a problemas técnicos”.   

A nota ainda afirmou que por orientação de Lewandowski, a Polícia Federal recepcionou os brasileiros e determinou às autoridades e representantes do governo norte-americano a imediata retirada das algemas. “O ministro destacou ao presidente o flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros. Ao tomar conhecimento da situação, o Presidente Lula determinou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizada para transportar os brasileiros até o destino final, de modo a garantir que possam completar a viagem com dignidade e segurança”.  

Leia mais: Brasileiros deportados por Trump alegam maus-tratos em voo

Por fim, o Ministério da Justiça e Segurança Pública enfatizou “que a dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valores inegociáveis”.  

Conflito Contraditório   

O presidente Donald Trump, que se considera conservador, defende o protecionismo da classe trabalhadora americana e foi uma de suas promessas eleitorais. Por isso, pautas como a deportação de imigrantes ilegais se faz necessário para cumprir o compromisso feito com a população americana. No entanto, o presidente só deu continuidade ao que já estava sendo feito. A situação coloca à prova os aspectos que realmente alinham o discurso com os fatos, tanto do esquerdista Biden que supostamente não concorda com a pauta, mas realiza, mesmo assim, a ação, quanto do Trump que concorda, contudo, na prática, faz o mais do mesmo, até o momento. Nada muito inovador em comparação ao que já estava sendo feito.  

Em relação ao tema de deportação de imigrantes brasileiros ilegais dos EUA, o presidente Lula, que se identifica com a esquerda, nos moldes do trabalhismo moderado, que foi difundido nas democracias após a segunda guerra mundial. Carrega uma estética da dialética marxista internacionalista, do proletariado contra os capitalistas, mas na prática defende pautas nacionalistas como a proteção dos trabalhadores brasileiros em contraposição aos trabalhadores do resto do mundo. Portanto, em certa medida, Lula está mais próximo do discurso de Trump do que aparenta. 

    

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