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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Política Nacional

Governo Lula fala em ‘remédio’ amargo para combater a inflação

Galípolo segue aplicando as mesmas doses de controle inflacionário que o seu antecessor

Postado em 10 de fevereiro de 2025 por Raunner Vinicius Soares
Lula afirma que “produzir mais” é solução para baixar preço dos alimentos
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após sucessivas críticas dirigidas ao ex-presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endossa aumento da taxa de juros. Em declaração dada à imprensa, o ministro da fazenda, Fernando Haddad (PT) afirma que “o remédio é aumentar a taxa de juros para coibir alta de preços, mas isso tem de ser feito da maneira correta, na dose certa”. A fala entra em contradição com os diversos comentários negativos que o Lula e o seu ministro fez nos dois anos que antecederam a chegada de Gabriel Galípolo.     

Em meio aos problemas que o governo apontava, a única mudança aparente é a troca de Campos Neto, que encerrou o seu mandato, por um aliado dos petistas, que iniciou a sua jornada no BC neste ano, passando por um período de transição em 2024. No entanto, o novo presidente da instituição, Galípolo, segue aplicando as mesmas doses de controle inflacionário que o seu antecessor. Contudo, agora, usufruindo de um apoio que não existia antes. Lula e Haddad perderam o seu ‘bode expiatório’ e estão tendo que lidar com o peso de suas decisões.  

Em entrevista ao Jornal O Hoje, a professora do curso de economia da Universidade Estadual de Goiás, Adriana Pereira disse que sobre a fala do ministro da economia, Fernando Haddad, sobre a elevação da taxa de juros ser um remédio amargo para corrigir a inflação, ele está completamente correto. “Bem, se considerarmos que a inflação é a elevação dos preços gerais da economia, isso ocorre por alguns motivos específicos, como: aumento da demanda por bens e serviços representada pelo aumento do consumo, pela elevação dos custos de produção que pode acontecer por diversos motivos. No primeiro caso temos uma inflação de demanda e no segundo caso, uma inflação de custos. E, pode acontecer as duas coisas ao mesmo tempo, aumento da demanda e elevação dos custos de produção”, explica a docente.  

Ainda, a especialista esclarece que “como nesse momento o ponto principal de atenção em relação à inflação é a alta dos preços dos alimentos, temos as duas condições que estão pressionando os custos, a elevação do nível de emprego na economia, amplia a renda disponível que faz com que o consumo aumente o que se traduz em elevação de preços”.   

“Por outro lado, o aumento da taxa de câmbio, ou seja, elevação do valor do dólar, ao mesmo tempo que aumenta a demanda de outros países pelos produtos brasileiros, também aumenta os custos de produção no Brasil. Além disso, tivemos questões climáticas importantes (inundações, geadas) que prejudicaram muito a produção de algumas lavouras, como por exemplo do café, o que reduziu a oferta desses produtos nesse momento. Tudo isso em conjunto, tem elevado os preços da economia de forma acentuada, causando inflação”, salienta.  

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Ao ser perguntada como resolver a questão da inflação a professora de economia descreve que “o que pode ser feito é uma combinação de políticas monetária e fiscal, onde haja uma melhora das condições de acesso ao crédito para os produtores afetados pelos problemas climáticos e um apoio aos produtores que são diretamente afetados pela elevação da taxa de câmbio para garantir uma oferta maior a médio prazo, aliado à manutenção da taxa Selic que já está alta, para garantir uma maior segurança e confiabilidade no mercado brasileiro”.  

Antibiótico  

Em uma entrevista dada a uma rádio de Caruaru, Pernanbuco, Haddad declara que “depende da hora e depende da dose. Se está tendo um repique inflacionário, precisa corrigir. O remédio é aumentar a taxa de juros para coibir alta de preços, mas isso tem de ser feito da maneira correta, na dose certa. É como antibiótico, não pode tomar a cartela em um dia, não pode tomar nem menos e nem mais. Política monetária tem que ter sabedoria. Não pode jogar o país em uma recessão”.  

 

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