O primeiro dia do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, evento organizado pelo governo federal no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, ficou marcado pela tentativa de aproximação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os chefes do Executivo municipal. O encontro, que ocorre até a próxima quinta-feira, 13, utiliza o slogan “governo federal fortalecendo os municípios” e objetiva estreitar os laços do governo Lula com os líderes municipais. 

Em seu discurso de abertura, o petista classificou as prefeituras como o “alicerce para que a União dê certo e os governadores tenham sucesso”. O petista ainda disse que voltou a governar “para provar mais uma vez que esse país tende a ser um país altamente desenvolvido e ele só será desenvolvido se a cidade for desenvolvida. Não há Estado rico com cidade pobre, e não há cidade rica com o Estado pobre. É preciso que haja um compartilhamento das coisas entre o governo federal e o governo municipal”. 

Ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin e dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o presidente garantiu que não haverá discriminação com os prefeitos em razão do partido político a qual é filiado e que as políticas públicas são realizadas para “o povo da cidade”.

A abertura do evento contou com a participação de mais de 20 mil prefeitos e gestores municipais – incluindo Leandro Vilela (MDB), prefeito de Aparecida de Goiânia, e a tenente-coronel Cláudia (Avante), vice-prefeita de Goiânia, que representa o prefeito Sandro Mabel (União Brasil) no encontro. 

O evento é um aceno do governo para os prefeitos e marca uma tentativa de Lula de se aproximar dos líderes municipais. O PT de Lula angariou 252 prefeituras nas eleições municipais de 2024, sendo apenas uma capital (Fortaleza). O número significou um aumento em relação a 2020, quando fez 180 prefeitos, mas a distância para os partidos que lideraram no quesito – PSD com 885 e MDB com 853 – ainda é considerável. 

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Olhando para o cenário da disputa eleitoral de 2026, é essencial que Lula consiga converter parte dos chefes do Executivo municipal para sua base. Para isso, o presidente tem um trabalho árduo a fazer, já que a maioria dos prefeitos pertencem a legendas de centro-direita e com menor abertura para se relacionarem com o petista. 

Além disso, com uma fatia robusta do Orçamento dedicado às emendas parlamentares, o dinheiro que é destinado pelos deputados e senadores se tornaram uma das principais – quiçá a principal – fonte de receita dos municípios, o que aproximou os prefeitos dos parlamentares e alçou maior poder eleitoral para os legisladores. 

Para combater a prática, que enfraquece o poder de barganha do Executivo federal, e contribuir na relação com os municípios, Lula trabalha em um novo edital do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, voltado para atender projetos dos municípios em áreas essenciais, como saúde, educação, infraestrutura social e urbana e mobilidade.

“É a primeira oportunidade democrática de a gente não escolher ideologicamente a cidade que vai ser beneficiada, de a gente não escolher a cidade do partido da gente, mas de a gente escolher aquela cidade que melhor apresenta o projeto e aquela cidade que mais tem necessidade de que o projeto seja executado”, ressaltou o petista. 

A fala é, além da promoção do projeto do governo voltado para os prefeitos, uma alfinetada nos parlamentares que constantemente são acusados de destinar emendas para seus currais eleitorais, na tentativa de ampliar o capital político, e não utilizando os recursos para as obras prioritárias. (Especial para O Hoje)