Márcio Corrêa fecha cerco contra Saneago em Anápolis
Novo decreto municipal impõe prazo curto para consertos e cria comissão para avaliar serviços da companhia, após meses de reclamações sobre água barrenta e má qualidade do saneamento

O prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), decidiu adotar medidas duras contra a Saneago, empresa responsável pelo abastecimento de água e esgoto no município. Nesta segunda-feira (17), o gestor anunciou um decreto que obriga a companhia a reparar qualquer dano causado em ruas e calçadas da cidade em até 24 horas. A medida marca o início de um embate direto entre a Prefeitura e a estatal, após meses de reclamações da população sobre a má qualidade dos serviços, incluindo a distribuição de água barrenta e a falta de comunicação durante crises recentes.
O decreto, que deve ser publicado no Diário Oficial do Município (DOM), é parte de um esforço da gestão municipal para melhorar a infraestrutura urbana, constantemente afetada por manutenções da Saneago. Além disso, a Prefeitura criou uma comissão especial para avaliar o contrato e a prestação de serviços da empresa. O grupo, composto por cinco membros de secretarias como Obras, Meio Ambiente e Planejamento Urbano, terá um mês para apresentar diagnósticos técnicos, propor melhorias e ouvir a população em audiências públicas.
Relação tensa
A relação entre a Prefeitura e a Saneago já estava tensa há meses. Entre janeiro e fevereiro, a cidade enfrentou uma grave crise de abastecimento, com moradores recebendo água turva e de má qualidade. A situação foi agravada pela ausência do presidente da Saneago, Ricardo Soavinski, durante o auge do problema. Além disso, a companhia ofereceu um desconto de pouco mais de R$ 20 nas contas de água como compensação, medida considerada insuficiente pela população e pela administração municipal.
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Márcio Corrêa tem sido pressionado a agir de forma mais dura contra a Saneago. Em janeiro, ele se reuniu com representantes da empresa para cobrar soluções e, após o encontro, afirmou que a situação da água turva havia sido resolvida em vários pontos da cidade. No entanto, o prefeito ressaltou que continuaria acompanhando de perto o problema até que ele fosse totalmente solucionado.
A Câmara Municipal de Anápolis também entrou no embate. Na época, a presidente da Casa, Andreia Rezende (Avante), marcou uma reunião com o gerente regional da Saneago, Leonardo Mendes Ferreira, para discutir o problema, mas o encontro foi adiado a pedido da empresa. Em um comunicado, Andreia destacou que já havia recebido mais de 300 denúncias sobre a qualidade da água e exigiu que a Saneago apresentasse um plano de ações concretas, sem respostas vagas ou paliativas.
O que diz a companhia
A Saneago, por sua vez, afirmou que está realizando uma série de ações para normalizar a situação em Anápolis. Entre as medidas estão novas dosagens no tratamento de água, limpeza de reservatórios, descargas de rede e obras para duplicar a capacidade da Estação de Tratamento de Água. A empresa também destacou investimentos de R$ 267 milhões nos últimos seis anos no município, garantindo regularidade no abastecimento mesmo durante a pior estiagem dos últimos 44 anos.
Apesar das promessas da Saneago, a Prefeitura não descarta a imposição de aditivos ao contrato de programa ou a criação de leis municipais que punam a companhia em caso de descumprimento das normas. O rompimento do contrato, no entanto, não está em discussão, pois traria transtornos maiores para a população.
Enquanto isso, os moradores de Anápolis continuam sofrendo com os problemas no abastecimento. Muitos relatam que a água que chega às torneiras ainda está suja, barrenta ou com gosto e cheiro desagradáveis. A Saneago orienta que as reclamações sejam feitas pelos canais oficiais, como o 0800-645-0115 ou o WhatsApp (62) 3269-9115, para que as equipes técnicas possam agir rapidamente.