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segunda-feira, 14 de abril de 2025
Presidenciável

Após se lançar à presidência, Caiado vai a ato pela anistia e acena à direita em SP

Governador de Goiás tenta capitalizar apoio do eleitorado bolsonarista após lançamento de pré-candidatura, mas enfrenta desafios para se firmar como sucessor natural do ex-presidente Jair Bolsonaro

Postado em 7 de abril de 2025 por Bruno Goulart
Após se lançar à presidência, Caiado vai a ato pela anistia e acena à direita em SP
Ronaldo Caiado ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro em ato pela anistia em São Paulo. Foto: Redes Sociais

Bruno Goulart

Dois dias após oficializar sua pré-candidatura à Presidência da República em um evento em Salvador, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), apareceu ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no ato em defesa da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, realizado neste domingo (6) em São Paulo. A movimentação não foi por acaso: em um cenário onde Bolsonaro pode ficar fora da disputa presidencial de 2026 devido à inelegibilidade, Caiado tenta se posicionar como o nome capaz de unificar a direita – mas o caminho é cheio de obstáculos.

A participação no ato foi uma jogada calculada. Ao abraçar publicamente a bandeira da anistia, Caiado busca conquistar um eleitorado que ainda vê Bolsonaro como seu principal representante. Apesar de não ter comparecido ao primeiro protesto pela causa, em 16 de março no Rio de Janeiro, o governador afirmou ter sido “o primeiro a defender o tema” e agora tenta se associar à pauta para angariar apoio entre a base mais radical. Bolsonaro, inclusive, chegou a telefonar a Caiado para agradecer o apoio à anistia, mas o ex-presidente sequer comentou o lançamento da pré-campanha do governador, na Bahia, que ocorreu dias depois.

Estratégia de Caiado

A estratégia de Caiado, porém, não é simples. Se, por um lado, o gesto pode render simpatia entre bolsonaristas, por outro, coloca Caiado em uma posição delicada. A anistia aos envolvidos na invasão dos Três Poderes é rejeitada por parte significativa da população, e o governador corre o risco de ser visto como oportunista por adotar uma pauta que não era central em seu discurso até então.

Leia mais: Bolsonaro liga para Caiado, mas não comenta lançamento de pré-campanha do governador

Além disso, dentro do próprio campo conservador, ele enfrenta concorrência acirrada, já reconhecida por ele. À jornalistas, o goiano falou, neste domingo (6), sobre os postulantes ao Planalto pela direita. “Temos cinco presidenciáveis. Eu, Ratinho Junior (PSD), Romeu Zema (Novo), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Bolsonaro. Vamos respeitar cada pré-candidato. Cada um tem o seu espaço”, pontuou.

Sem capital político

Para piorar, aliados do ex-presidente duvidam que Caiado tenha capital político suficiente para liderar o bolsonarismo. Nos bastidores, avalia-se que uma eventual federação entre União Brasil e PP poderia direcionar apoio a um nome mais alinhado com Bolsonaro, como o próprio Tarcísio.

O governador de Goiás, no entanto, parece confiante. Em declarações recentes, ele afirmou que a direita está unida e que todos os pré-candidatos terão seu espaço – um discurso que tenta equilibrar ambição pessoal e pragmatismo político.

Caiado e Bolsonaro

A reaproximação com Bolsonaro também chama atenção. Inclusive, posaram para várias fotos, um ao lado do outro, no ato na Paulista. Vale lembrar que os dois tiveram desentendimentos públicos durante a pandemia, quando Caiado criticou o governo federal pelo atraso na vacinação. Agora, o ex-presidente busca fortalecer alianças com governadores de direita para pressionar pela anistia, enquanto o goiano aproveita a oportunidade para se projetar nacionalmente.

Resta saber se a estratégia vai funcionar. Caiado aposta que, em 2026, a fragmentação da direita pode abrir caminho para um nome que una discurso antilulista e perfil menos radical que Bolsonaro. Por ora, seu desafio é convencer o eleitorado de que é essa alternativa – e o ato em São Paulo foi apenas o primeiro passo nessa direção.

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