Oposição fragmentada impulsiona projeto de reeleição de Lula
Com Bolsonaro fora do páreo, direita busca alternativas. Presidente mantém hegemonia na esquerda

A leitura política da atual situação eleitoral, que premedita 2026, é que a fragmentação no campo político da direita pode ser o principal trunfo do projeto político à esquerda, que visa a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A última rodada da pesquisa Datafolha, divulgada no último sábado, 5, mostra que o cenário atual de incerteza na direita, caso se mantenha, será crucial na disputa eleitoral do próximo ano.
O estudo mostra que, hoje, Lula venceria quaisquer dos nomes da direita – inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O petista mantém vantagem entre os adversários mesmo com a desaprovação em alta e com as más avaliações do governo. Player político de peso, Lula também terá a máquina pública nas mãos no ano eleitoral.
A oposição vive um impasse. Bolsonaro está inelegível até 2030, mas segue colocando seu nome como o candidato da direita em 2026. Enquanto isso, nos bastidores, o Centrão avalia que o ex-presidente precisa escolher um sucessor para que haja tempo hábil de construção de uma nova candidatura. O favorito é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), porém, nomes do clã Bolsonaro, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que pediu licença para morar nos EUA, também estão nos radares – com certa resistência do Centrão, que prefere um nome menos radical.
Além dos citados, existem outros interessados na cadeira mais cobiçada da política brasileira. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) é um deles, inclusive já tendo lançado sua pré-candidatura na última sexta-feira, 4, em Salvador, capital da Bahia. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também é um dos cotados e já declarou que planeja participar de um projeto político para o país, não se importando em compor a vice de uma chapa que representasse a direita.
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O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), também vislumbra uma candidatura ao Planalto e até mesmo o empresário Pablo Marçal (PRTB) já se prontificou a disputar as eleições à Presidência da República no próximo ano. Na ausência de Bolsonaro, são inúmeras opções que, atualmente, não possuem o poder de aglutinação do eleitorado conservador e de direita, como consegue o ex-presidente.
Enquanto isso, no campo progressista, Lula dá as cartas com certa folga. Os opositores à esquerda do presidente possuem pouca relevância eleitoral quando comparados ao presidente. As demais opções que poderiam representar a grande parcela do eleitorado de esquerda, seriam os possíveis substitutos de Lula, caso o petista opte por não disputar a reeleição no próximo ano.
É provável que o afunilamento na direita aconteça e um dos possíveis nomes se torne o principal candidato do campo político. Entretanto, a demora para a escolha de um sucessor de Bolsonaro pode ser o tempo necessário para que Lula trabalhe na recuperação da imagem de seu governo. Ao final de tudo, quando a disputa acirrar, deve prevalecer as narrativas das disputas eleitorais e como a popularidade do atual governo chegará às vésperas do pleito. (Especial para O Hoje)