Entorno deve persistir na briga pela vice de Daniel Vilela
Principal argumento é que o Entorno “decide eleição” e que a região foi crucial para a vitória do grupo governista nas últimas eleições

A disputa pelo segundo posto mais alto do Executivo estadual em Goiás já começa a ganhar contornos estratégicos e movimentos intensos nos bastidores da política regional. Com as articulações antecipadas para a formação da chapa que será encabeçada por Daniel Vilela (MDB), atual vice-governador e nome escolhido para suceder Ronaldo Caiado (UB), as lideranças do Entorno do Distrito Federal dão sinais claros de que não abrem mão de um lugar de destaque.
Nos corredores políticos da capital e de Entorno, o tom é de formação de uma frente organizada. Prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais da região já afinam o discurso de que é hora do Entorno ocupar um lugar de protagonismo no cenário político goiano. Para eles, a região, que frequentemente figura nas campanhas como “estratégica” ou “prioritária”, precisa agora ser efetivamente valorizada, com presença real e decisiva na futura composição do governo.
O argumento principal que embasa a reivindicação é a força eleitoral demonstrada nas últimas eleições. De acordo com essas lideranças, os votos do Entorno foram determinantes para a vitória de Ronaldo Caiado em 2022 e, por consequência, para a consolidação do atual grupo político no comando do Palácio das Esmeraldas. Nas urnas, cidades como Águas Lindas, Valparaíso, Luziânia e Novo Gama entregaram votações expressivas ao então candidato, consolidando a região como um dos pilares da vitória caiadista. Agora, dizem as lideranças locais, é chegada a hora do reconhecimento político.
Um sinal dessa reivindicação veio do ex-líder do Governo na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Wilde Cambão (PSD). Ao ocupar a tribuna da Casa, na semana passada, ele considerou: “O entorno não pode ser desprezado e terá que ser respeitado nessa decisão (de escolha do candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Daniel Vilela no ano que vem)”.
“Estamos falando de uma região importante, que precisa ser valorizada. Temos bons nomes na busca pela chapa majoritária. É necessário que se abra um diálogo com o entorno, pois não seremos desprezados. Queremos uma construção respeitosa pois temos bons nomes e muitos votos”, disse antes de reiterar que a região garantiu a Ronaldo Caiado 70% de seus votos.
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Cambão emendou em seguida que o entorno, hoje, “decide” qualquer eleição. “Precisamos ser ouvidos, precisam enxergar o entorno como um ator político importante, como um ator forte e ativo”, ressaltou o político. Antes de deixar a tribuna, o parlamentar ainda elencou alguns nomes com peso político suficiente para ocupar a vice de Daniel: “Temos o Diego Sorgatto (prefeito de Luziânia pelo UB), o Pábio Mossoró (prefeito de Valparaíso de Goiás pelo MDB), o Célio Silveira (deputado federal pelo MDB), a Lêda Borges (deputada federal pelo PSDB), a Dra. Zeli (deputada estadual pelo UB), o Anderson Teodoro (deputado estadual pelo Avante) e outros.
A leitura feita pelos entusiastas dessa ideia é que com uma população que supera o milhão de habitantes e com desafios complexos em áreas como segurança, mobilidade urbana, saúde e educação, o Entorno não pode mais ser tratado como um apêndice do estado. Por trás dos discursos públicos, as articulações caminham em ritmo acelerado. Reuniões informais, conversas reservadas com caciques partidários e aproximações com o próprio Daniel Vilela vêm sendo intensificadas nos últimos meses de olho, claro, em 2026.
Além disso, existe um componente simbólico forte na disputa: colocar um representante da região na linha de frente da sucessão estadual pode representar um novo paradigma de integração entre o Entorno e o restante de Goiás. Durante décadas, a região foi marcada por uma relação tensa com o governo estadual, muitas vezes negligenciada em políticas públicas e planejamento territorial, o que começou a ser contornado com a chegada do governo Ronaldo Caiado. A presença de um vice-governador do Entorno, no entanto, sinalizaria, ainda mais, uma mudança de postura e uma tentativa de reparação histórica.