Acordo do PL com Caiado pode alavancar tensão entre bolsonaristas
Reaproximação entre as bases pode aumentar disputa por espaço, especialmente em torno da vaga ao Senado

A trégua entre as principais bases políticas do Estado, lideradas pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e pela figura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), amenizou o clima de disputa e reacendeu os rumores de aliança entre os grupos no Estado. Porém, simultaneamente, uma possível aliança pode não cair nas graças de todos os players políticos envolvidos.
Após todos os entreveros nas disputas eleitorais municipais de 2024 e a disputa jurídica entre as bases, as partes selaram a paz. Bolsonaro e Caiado voltaram a aparecer publicamente juntos, quando o governador participou do ato do ex-presidente a favor da anistia pelos presos do 8 de janeiro na avenida Paulista, após o chefe do Executivo goiano sair em defesa da principal pauta bolsonarista no momento.
Além disso, como já mostrado anteriormente pela reportagem do O HOJE, parte da base de prefeitos do partido de Bolsonaro em Goiás são próximos a base governista e não iriam se opor a uma aliança com o vice-governador Daniel Vilela (MDB) em 2026. Alguns chefes do Executivo filiados ao PL – como, Simone Ribeiro (Formosa), Jacó Rotta (Cabeceiras), Dr. Luís Otávio (Cristalina), Wivviane Duarte (Gameleira de Goiás), Dr. Vitor (Santa Fé de Goiás) e Tiagão (Pilar de Goiás) – já trataram o alinhamento com a base governista. O prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), também é próximo a Vilela e pode apoiar o emedebista na corrida de 2026.
Sintetizando a atual conjuntura, uma possível aliança do PL de Goiás com o atual governo estadual voltou aos radares dos rumores políticos. Claro que para isso acontecer existem percalços a serem superados, porém, Bolsonaro já sinalizou publicamente que não iria se opor a uma aliança com Daniel. Isso porque o ex-presidente reconhece a força eleitoral do atual governo e também o seu principal objetivo é outro: o Senado Federal.
Leia mais: Ministra celebra trabalho no Dia dos Povos Indígenas
Bolsonaro sabe que se compor na chapa de Vilela terá mais chances de eleger um senador no Estado – já que é impensável, nesse cenário hipotético, o PL não ficar com uma das vagas na disputa pela Casa Alta. Nesse cenário, a disputa pela indicação ao Senado entre os bolsonaristas iria se acirrar.
A primeira-dama Gracinha Caiado irá disputar o Senado em 2026, e em um cenário de composição com o PL, ela ocuparia o espaço da base governista. Entre os bolsonaristas, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) e o vereador por Goiânia, Vitor Hugo (PL), são os principais cotados.
Gayer é mais midiático que Vitor Hugo, porém, o vereador é mais próximo ao ex-presidente – inclusive foi o líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Recentemente, o deputado acusou o vereador de estar pleiteando uma vaga na disputa pelo Senado, quando Vitor Hugo levou Vilela para conversar com Bolsonaro, o que foi motivo de desgaste do vereador com Gayer e o presidente do PL em Goiás, o senador Wilder Morais.
Para apartar a briga, Bolsonaro e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, entraram em ação, dando o seguinte recado: o indicado a disputar o Senado será escolhido pela alta cúpula do partido.
Gayer tem uma relação estremecida com o atual governo goiano. Em uma possível composição com a chapa de Vilela, o cenário é mais favorável a Vitor Hugo, que mantém uma boa relação com o vice-governador. Nesse panorama, Vitor Hugo disputaria uma vaga na Casa Alta e o senador Wilder Morais, em tese, disputaria o governo na vice de Daniel – os papeis entre os parlamentares também poderiam se inverter. Gayer ficaria sobrando, e o parlamentar não aparenta estar muito adepto a essa ideia. (Especial para O Hoje)