PSDB de Marconi Perillo deve desaparecer em fusão
Legenda pode formalizar no próximo ano a união com o Podemos

O PSDB do ex-governador Marconi Perillo pode deixar de existir. A legenda, que já teve um presidente da República por dois mandatos – Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), deve se fundir com o Podemos no próximo ano (as negociações estão avançadas). Com isso, terá um novo número e uma nova identidade.
Em 2022, o partido teve os piores resultados eleitorais em 34 anos de história, sem eleger um único senador ou governador no primeiro turno – foram três no segundo. Na ocasião, foram 13 deputados federais, cumprindo – por pouco – a cláusula de barreira. Menos 19 parlamentares do que no pleito anterior (2018).
Naquele último pleito federal, a cláusula de barreira exigia um mínimo de 11 deputados federais distribuídos em ao menos nove estados ou obter 2% dos votos válidos para a Câmara dos Deputados em nove unidades federativas. Em 2026, contudo, a regra será mais pesada: o número de congressistas daquela Casa de Leis subirá para 13 e os votos válidos irão para 2,5%.
Já em 2024, também houve o encolhimento no número de prefeitos. Com 276 chefes de Executivos eleitos, o partido caiu de 4º para 8º lugar em número de cidades conquistadas. Em 2020, eram 523 municípios, enquanto em 2016, 799.
As recentes derrotas ligaram o alerta para o partido histórico. Por isso, sob o comando de Marconi Perillo, a legenda busca uma mudança. No caso, uma fusão. Hoje, o Podemos é o principal nome, mas o Solidariedade e o Republicanos também estão no radar.
Fora da disputa
Em 2022, os tucanos ficaram de uma eleição presidencial pela primeira vez desde a redemocratização. O PSDB surgiu em 25 de junho de 1988. Em seu primeiro ano, elegeu 18 prefeitos, inclusive da capital mineira, Belo Horizonte. Em 1989, o primeiro nome tucano a se candidatar a presidente foi Mário Covas. À época, o partido terminou em quarto lugar, com 11,52% dos votos.
Em 1994, Fernando Henrique Cardoso levou a melhor ainda no primeiro turno, com 54,24% dos votos. Ele tinha como vice Marco Maciel, mesmo companheiro em 1998.
Naquele ano, Fernando Henrique não deu chance para os adversários mais uma vez – Lula fechou chapa histórica com Leonel Brizola na vice, mas não teve sucesso. Teve 53,06% dos votos e foi reeleito presidente da República.
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Foi a última vez que o PSDB fez um presidente, mas ainda assim se manteve competitivo. Até 2014, o partido polarizou com o PT em todos os pleitos pelo Palácio do Planalto.
Em 2002, José Serra foi o escolhido. Ele conseguiu ir para o segundo turno, mas perdeu para a chapa Lula-José Alencar por 61,27% a 38,72%. Em 2006, foi a vez de Geraldo Alckmin, hoje vice na chapa de Lula, entrar na disputa. Ele passou o primeiro turno, mas perdeu em seguida por 60,83% a 39,17% para o petista.
Contra Dilma Rousseff e Michel Temer, o PSDB lançou, em 2010, novamente, José Serra. A derrota também veio no segundo turno: 56,05% a 43,95%. Mas foi com o mineiro Aécio Neves, em 2014, que o partido mais chegou perto de voltar ao Planalto. Em segundo turno apertado, os tucanos (era chapa pura) perderam por 51,64% a 48,36%.
Em 2018, o partido não conseguiu se destacar. A sigla convocou, novamente, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para a disputa, que compôs com Ana Amélia Lemos. Dessa vez, com a ascensão de Bolsonaro, o partido só garantiu a quarta colocação, com 4,76% dos votos. Além do presidente eleito, a legenda ficou atrás de Ciro Gomes (PDT), que teve 12,47%, e de Fernando Haddad (PT), que ficou com 29,28% no primeiro turno.