SUS vai substituir exame Papanicolau por teste mais sensível e preciso para mulheres
Mudança no rastreio de câncer de colo de útero promete maior eficácia e menos desconforto para as mulheres; saiba como será feito

O Sistema Único de Saúde (SUS) está fazendo uma grande mudança no rastreamento do câncer de colo de útero. A partir deste ano, o exame Papanicolau será gradualmente substituído por um exame molecular de DNA-HPV, que promete ser mais eficaz e menos desconfortável para as mulheres. O novo teste foi aprovado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) e segue as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que já recomenda o uso de exames moleculares para detectar o HPV, principal causador do câncer cervical.
Esse avanço é esperado com entusiasmo pelos especialistas da saúde. O novo exame molecular não só melhora a precisão do diagnóstico, mas também permite que o intervalo entre as coletas seja estendido para cinco anos, se o resultado for negativo. Isso significa menos idas ao médico para muitas mulheres, com a vantagem de uma detecção mais precoce e eficiente.
O que é o Papanicolau?
O exame preventivo, chamado Papanicolau, é realizado para detectar alterações nas células do colo do útero. Este exame também pode ser chamado de esfregaço cervicovaginal e colpocitologia oncótica cervical. O nome “Papanicolaou” é uma homenagem ao patologista grego Georges Papanicolaou, que criou o método no início do século. Esse exame é a principal estratégia para detectar lesões precocemente e fazer o diagnóstico da doença bem no início, antes que a mulher tenha sintomas.
O Papanicolau pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados. É fundamental que os serviços de saúde orientem sobre o que é e qual a importância do exame preventivo, pois sua realização periódica permite que o diagnóstico seja feito cedo e reduza a mortalidade por câncer do colo do útero.
O exame preventivo é indolor, simples e rápido. Pode causar um desconforto que diminui se a mulher conseguir relaxar e se o exame for realizado com boa técnica e de forma delicada.
Para garantir um resultado correto, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) nos dois dias anteriores ao exame, evitar também o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à realização do exame. É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado.
Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê.
Como é feito o Papanicolau?
- para a coleta do material, é introduzido um instrumento chamado espéculo na vagina (conhecido popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato);
- o médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero;
- a seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha;
- as células colhidas são colocadas numa lâmina para análise em laboratório especializado em citopatologia.
Como o novo exame vai funcionar?
O exame molecular de DNA-HPV é mais preciso, identificando não apenas a presença do HPV, mas também os subtipos oncogênicos, como os tipos 16 e 18, que são responsáveis por cerca de 70% das lesões precursoras do câncer de colo de útero. Se o exame detectar esses tipos de vírus, a paciente será encaminhada diretamente para um procedimento mais detalhado, a colposcopia.
Além disso, o novo teste elimina o risco de falsos negativos e positivos, comuns no Papanicolau, e permite a autocoleta do material, uma medida que facilita o acesso ao exame, especialmente para mulheres em regiões remotas ou com resistência ao atendimento médico convencional. O novo método trará mais comodidade e confiabilidade, ajudando a garantir que mais mulheres tenham acesso a um diagnóstico precoce e eficaz.
Uma mudança para reduzir desigualdades regionais
A implementação do novo exame é especialmente importante em regiões do Brasil onde o câncer de colo de útero ainda é a principal causa de morte por câncer entre mulheres, como no Norte do país. Estados como Acre, Maranhão e Mato Grosso enfrentam desafios significativos, com a demora na entrega dos resultados de exames e dificuldades no início do tratamento.
Com a introdução do exame molecular, espera-se diminuir esses atrasos e proporcionar um atendimento mais rápido e eficaz. A mudança também visa reduzir as desigualdades regionais no acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero, permitindo que mais mulheres em áreas afastadas do Brasil tenham acesso a tecnologias mais avançadas.
A implementação será feita de forma gradual, com Pernambuco sendo o primeiro estado a adotar o novo exame, alcançando cerca de 435 mil mulheres ao longo de um ano. O Ministério da Saúde planeja expandir a tecnologia para todo o país até 2026, com treinamentos e capacitação das equipes de saúde.
O novo exame molecular é considerado um avanço significativo no combate ao câncer de colo de útero. Com uma taxa de sensibilidade de 97% na detecção dos subtipos de HPV mais perigosos, ele aumenta a confiabilidade dos resultados e proporciona mais segurança para as mulheres. Especialistas acreditam que, com a vacinação em massa e o rastreamento mais eficaz, é possível erradicar a doença em até 20 anos.

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