“Melhor que Bolsa Família”: Tarcísio aposta em novo programa para ampliar popularidade
Estrategista político Marcos Marinho avalia que programa assistencialista lançado por Tarcísio de Freitas antecipa disputa por reeleição em São Paulo e fortalece possível candidatura presidencial
Bruno Goulart
O lançamento do programa SuperAção SP pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nesta terça-feira (20), foi acompanhado de grande expectativa e simbolismo. Com um discurso marcado por referências religiosas e promessas de transformação social, Tarcísio afirmou que o programa será “o melhor programa social do Brasil”, em clara tentativa de projetar sua gestão como sensível às desigualdades — e de se contrapor ao tradicional Bolsa Família, marca dos governos petistas.
Apesar de Tarcísio ter negado qualquer tipo de rivalidade com o programa federal, a abrangência e o discurso de superação da pobreza sugerem um movimento estratégico de diferenciação. Para o professor e estrategista político Marcos Marinho, ouvido pelo jornal O HOJE, o movimento é claro: “Lançar programa assistencialista é algo muito comum em todo o governo. Isso é bastante comum. Vamos lembrar que em Goiás nós temos o Mães de Goiás. Então, todo estado lança mesmo algum tipo de assistencialismo”.
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A diferença, segundo Marinho, está na temporalidade e na motivação política. Ele explica que, mesmo que Tarcísio não concorra à Presidência da República em 2026, o governador precisa mostrar resultados concretos de gestão para conquistar a reeleição em São Paulo. “Ele lançando com antecedência, teria tempo de pilotar o projeto, já colher alguns resultados e não parecer apenas eleitoreiro”, argumenta.
Marinho afirma ainda que o timing do lançamento favorece Tarcísio: “Dá para ele visibilidade e, dando tudo certo, um recall positivo tanto para a eleição ao governo quanto para a eleição à presidência”. Ele também considera que, apesar de Tarcísio ter se posicionado no passado contra programas de transferência de renda, a virada discursiva e estratégica pode ampliar seu eleitorado. “É uma questão não só do assistencialismo, da doação financeira, mas de inserção no mercado de trabalho”.
Como funciona o SuperAção SP
Lançado em evento com mais de 200 autoridades, o programa SuperAção SP pretende atender inicialmente 105 mil famílias em situação de extrema pobreza, com possibilidade de ampliação. Dividido em três módulos — Proteger, Desenvolver e Incluir —, o projeto combina assistência social, qualificação profissional e estímulo à inserção no mercado de trabalho. As famílias que cumprirem todas as etapas poderão receber até R$ 10,4 mil.
Uma das novidades do SuperAção SP é a atuação dos chamados “agentes de superação”, assistentes sociais que buscarão as famílias no Cadastro Único (CadÚnico), apresentarão o programa e acompanharão os beneficiários por até dois anos. Com capacitação específica, esses profissionais prestarão atendimento personalizado, levando em conta as características e necessidades de cada núcleo familiar. Segundo a secretária de Desenvolvimento Social, Andrezza Rosalém, a proposta é “customizar cada ação para cada família”. O programa terá duas trilhas: uma voltada à proteção social de famílias com barreiras severas de inclusão, e outra focada na superação da pobreza, destinada a quem tem potencial de inserção no mercado de trabalho.
Investimento
O investimento previsto para a implementação inicial é de R$ 500 milhões, dos quais R$ 150 milhões serão destinados a prefeituras para fortalecer ações locais de assistência social. Além disso, o governo estadual pretende enviar à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) projetos que reestruturam as carreiras da assistência social e ampliam os recursos do setor. Durante o lançamento, o governador Tarcísio de Freitas destacou o caráter espiritual da iniciativa, dizendo que a melhor forma de servir a Deus é promover a emancipação das pessoas e vencer a pobreza.