Site de conteúdo adulto, OnlyFans é colocado à venda por US$ 8 bilhões
Plataforma negocia com investidores nos Estados Unidos, mas acordo ainda não foi fechado

Quem acompanha o mercado digital sabe que algumas movimentações podem mudar o rumo de plataformas famosas. Desta vez, é o OnlyFans que está no centro das atenções. A Fenix International, empresa que controla o site, colocou a plataforma à venda e está em busca de investidores nos Estados Unidos. Segundo informações da agência Reuters, a expectativa é que o negócio seja fechado por cerca de US$ 8 bilhões, o equivalente a aproximadamente R$ 41 bilhões.
Fontes familiarizadas com as negociações afirmaram à Reuters que as conversas estão em andamento com várias partes interessadas, mas ainda não há uma decisão final. Embora o OnlyFans seja conhecido principalmente pelo conteúdo adulto, a plataforma também abriga criadores de conteúdo em áreas como fitness, gastronomia e música, o que amplia seu alcance no mercado.
Forest Road lidera grupo interessado na compra do OnlyFans
De acordo com apuração da Reuters, o grupo de investidores que lidera as conversas é encabeçado pela Forest Road Company, uma empresa de investimentos sediada em Los Angeles. Os demais integrantes do grupo, porém, não foram identificados. A Fenix International e a Forest Road foram procuradas pela agência, mas preferiram não comentar o assunto.
O OnlyFans viu seu crescimento acelerar especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando se consolidou como uma plataforma onde criadores de conteúdo adulto podem cobrar diretamente de seus assinantes. A empresa retém 20% dos valores arrecadados pelos criadores. Dados divulgados pela Fenix mostram que, no ano encerrado em novembro de 2023, o OnlyFans gerou US$ 6,6 bilhões em receita, número muito superior aos US$ 375 milhões obtidos em 2020.
Esse avanço expressivo atraiu o interesse de diversos investidores. Fontes próximas às negociações afirmaram que, além da venda direta, também está sendo considerada a possibilidade de uma oferta pública inicial (IPO). As tratativas estão em curso pelo menos desde março e, segundo as mesmas fontes, um acordo pode ser fechado nas próximas semanas. No entanto, elas alertaram que ainda não há garantias de que a negociação será concluída.
O site americano New York Post também informou recentemente que a empresa está explorando opções para uma possível venda.
Site ganha força no Brasil com adesão de celebridades
Enquanto a Fenix International conduz as negociações para a venda, o OnlyFans segue em plena atividade, especialmente popular em países como o Brasil. Por aqui, diversas celebridades aderiram à plataforma, aproveitando a oportunidade para gerar receita e ter mais liberdade na divulgação de conteúdos exclusivos. A cantora Anitta, por exemplo, criou um perfil em 2021, chamando atenção ao compartilhar o registro de uma tatuagem íntima com seus seguidores. A influenciadora Geisy Arruda também integra o grupo de famosos brasileiros que utilizam o site para publicar fotos e vídeos sensuais.
Outros nomes conhecidos que apostaram na plataforma são Gracyanne Barbosa, musa fitness que relatou êxito financeiro com sua conta; Rita Cadillac, ex-chacrete, que encontrou no OnlyFans uma nova vitrine para sua imagem; e MC Mirella, funkeira que revelou ter faturado cerca de R$ 500 mil com a venda de conteúdos. Além deles, o ator Thomaz Costa, ex-integrante do elenco da novela “Carrossel”, e o ex-jogador de futebol Douglas Costa, que compartilha conteúdos exclusivos com fãs, também reforçam a presença de personalidades brasileiras na plataforma.

Histórico, desafios e as questões que cercam a plataforma
O OnlyFans pertence à Fenix International Ltd, com sede em Londres. O único acionista da empresa é Leonid Radvinsky, um empresário ucraniano-americano que comprou o site em 2018. De acordo com documentos apresentados a autoridades britânicas, Radvinsky pagou a si mesmo pelo menos US$ 1 bilhão em dividendos nos últimos três anos. Sua localização atual não foi confirmada.
Embora o OnlyFans seja amplamente associado ao mercado de conteúdo adulto, a plataforma enfrenta desafios relacionados à segurança e à reputação. Em 2023, uma série de reportagens publicadas pela Reuters revelou que registros policiais e judiciais dos Estados Unidos mencionaram a presença de material de abuso sexual infantil e pornografia não consensual na plataforma desde 2019. Também foram identificados casos em que traficantes sexuais utilizaram o site para explorar e abusar de mulheres.
Essas questões impactam diretamente a atratividade da empresa para potenciais investidores institucionais e grandes bancos. Fontes ouvidas pela Reuters destacaram que a ligação do OnlyFans com pornografia e a possibilidade de que a devida diligência identifique conteúdos ilegais tornam a plataforma menos atraente para esse perfil de investidor.
Ainda assim, o interesse persiste. A Forest Road Company, que lidera o grupo em negociação, é uma empresa de investimentos fundada em 2017, com foco em setores como mídia, energia renovável e ativos digitais. Segundo informações disponíveis em seu site, a empresa também possui participação em uma equipe de Fórmula E, a categoria de automobilismo de carros elétricos. Em 2024, a Forest Road ampliou sua atuação ao adquirir uma participação majoritária no ACF Investment Bank.
Parte dos executivos da Forest Road já esteve envolvida anteriormente com uma empresa de aquisição de propósito específico (SPAC), que negociava a abertura de capital do OnlyFans em 2022, conforme documentos da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC). Esse histórico reforça as especulações de que, mesmo com a venda em curso, o IPO continua sendo uma opção considerada pela Fenix International.
As negociações seguem cercadas de expectativas. A Reuters relatou que a empresa atraiu diversos interessados nos últimos meses e que as conversas incluem outros potenciais compradores. No entanto, todas as fontes ouvidas solicitaram anonimato, uma vez que não há, até o momento, anúncio oficial sobre o futuro da plataforma.
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