Quem é Lélia Salgado? Arquiteta, curadora e esposa que moldou a carreira de Sebastião Salgado
Parceira por seis décadas, Lélia Salgado foi responsável pela curadoria e edição

Lélia Wanick Salgado, de 78 anos, é reconhecida internacionalmente como arquiteta, designer, curadora e ambientalista. Casada com o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado por 61 anos, Lélia esteve ao lado do companheiro em uma jornada de colaboração artística e engajamento social que atravessou continentes, regimes políticos e fronteiras culturais.
Casamento com Sebastião Salgado
A princípio, o casal se conheceu em 1964, em Vitória, no Espírito Santo. Ela era professora primária, estudava piano e frequentava a Aliança Francesa. Ele cursava economia e também dava aulas. Três anos depois, em 1967, oficializaram o casamento. Em 1969, deixaram o Brasil em razão da repressão do regime militar. Fixaram residência na França, onde Lélia aprofundou sua formação em arquitetura e se consolidou como curadora.
Desde então, a parceria entre ambos se intensificou. Lélia editou livros, concebeu exposições e organizou mostras de Sebastião Salgado em diversos países. Sua atuação nos bastidores foi decisiva para a projeção internacional da obra do fotógrafo. Diversos críticos a consideram responsável pela articulação estética e institucional do acervo fotográfico do marido.
Além do trabalho artístico, Lélia e Sebastião também atuaram no campo ambiental. Em 1998, fundaram o Instituto Terra, organização voltada para a recuperação da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A instituição já recuperou mais de 600 hectares de áreas degradadas e se tornou referência em restauração ecológica no Brasil e no exterior.

O casal teve dois filhos. Juliano Ribeiro Salgado, cineasta, é co-diretor do documentário O Sal da Terra (2014), que narra a trajetória do pai. Rodrigo Salgado, pintor, nasceu com síndrome de Down e encontrou na arte uma forma de expressão pessoal.
Mesmo com o falecimento de Sebastião Salgado, ocorrido nesta sexta-feira (23), Lélia permanece como figura central na preservação e na difusão de seu legado. Ao longo de décadas, ela desempenhou papel essencial na interlocução entre arte, memória e meio ambiente. Seu trabalho ultrapassou os limites da curadoria, alcançando esferas educacionais, culturais e ecológicas.